domingo, 7 de janeiro de 2018

Caráter da revelação espírita- Parte 1


5. Mas o professor não ensina senão o que aprendeu: é um revelador
de segunda ordem; o homem de gênio ensina o que descobriu por si mesmo:
é o revelador primitivo; traz a luz que pouco a pouco se vulgariza. Que
seria da humanidade sem a revelação dos homens de gênio, que aparecem
de tempos a tempos?
Mas quem são esses homens de gênio? E por que são homens de
gênio? Donde vieram? Que é feito deles? Notemos que na sua maioria traz,
ao nascer, faculdades transcendentes e alguns conhecimentos inatos, que
com pouco trabalho desenvolvem. Pertencem realmente à humanidade,
pois nascem, vivem e morrem como nós. Onde, porém, adquiriram esses
conhecimentos que não puderam aprender durante a vida? Dir-se-á, com
os materialistas, que o acaso lhes deu a matéria cerebral em maior quantidade
e de melhor qualidade? Neste caso, não teriam mais mérito que um
legume maior e mais saboroso do que outro.
Dir-se-á, como certos espiritualistas, que Deus lhes deu uma alma
mais favorecida que a do comum dos homens? Suposição igualmente ilógica,
pois que tacharia Deus de parcial. A única solução racional do problema
está na preexistência da alma e na pluralidade das vidas. O homem
de gênio é um Espírito que tem vivido mais tempo; que, por conseguinte,
adquiriu e progrediu mais do que aqueles que estão menos adiantados. Encarnando,
traz o que sabe e, como sabe muito mais do que os outros e não
precisa aprender, é chamado homem de gênio. Mas seu saber é fruto de um
trabalho anterior e não resultado de um privilégio. Antes de renascer, era
ele, pois, Espírito adiantado: reencarna para fazer que os outros aproveitem
do que já sabe, ou para adquirir mais do que possui.
Os homens progridem incontestavelmente por si mesmos e pelos
esforços da sua inteligência; mas, entregues às próprias forças, só muito
lentamente progrediriam, se não fossem auxiliados por outros mais adiantados,
como o estudante o é pelos professores. Todos os povos tiveram
homens de gênio, surgidos em diversas épocas, para dar-lhes impulso e
tirá-los da inércia.
Resultado de imagem para moises e jesus6. Desde que se admite a solicitude de Deus para com as suas criaturas,
por que não se há de admitir que Espíritos capazes, por sua energia
e superioridade de conhecimento, de fazerem que a humanidade avance,
encarnem pela vontade de Deus, com o fim de ativarem o progresso em
determinado sentido? Por que não admitir que eles recebam missões, como
um embaixador as recebe do seu soberano? Tal o papel dos grandes gênios.
Que vêm eles fazer, senão ensinar aos homens verdades que estes ignoram
e ainda ignorariam durante largos períodos, a fim de lhes dar um ponto de
apoio mediante o qual possam elevar-se mais rapidamente? Esses gênios,
que aparecem através dos séculos como estrelas brilhantes, deixando longo
traço luminoso sobre a humanidade, são missionários ou, se o quiserem,
messias. O que de novo ensinam aos homens, quer na ordem física, quer
na filosófica, são revelações.
Se Deus suscita reveladores para as verdades científicas, pode, com
mais forte razão, suscitá-los para as verdades morais, que constituem elementos
essenciais do progresso. Tais são os filósofos cujas ideias atravessam
os séculos.
7. No sentido especial da fé religiosa, a revelação se diz mais particularmente
das coisas espirituais que o homem não pode descobrir por meio
da inteligência, nem com o auxílio dos sentidos; e esse conhecimento lhe
dão Deus ou seus mensageiros, quer por meio da palavra direta, quer pela
inspiração. Neste caso, a revelação é sempre feita a homens predispostos,
designados sob o nome de profetas ou messias, isto é, enviados ou missionários,
incumbidos de transmiti-la aos homens. Considerada debaixo deste
ponto de vista, a revelação implica a passividade absoluta e é aceita sem
verificação, sem exame, nem discussão.
Resultado de imagem para moises e jesus10. Só os Espíritos puros recebem a palavra de Deus com a missão
de transmiti-la; mas sabe-se hoje que nem todos os Espíritos são perfeitos
e que existem muitos que se apresentem sob falsas aparências, o que levou
João a dizer: “Não acrediteis em todos os Espíritos; vede antes se os Espíritos
são de Deus.” (1a Epístola, 4:1.)
Pode, pois, haver revelações sérias e verdadeiras como as há apócrifas
e mentirosas. O caráter essencial da revelação divina é o da eterna verdade.
Toda revelação eivada de erros ou sujeita a modificação não pode emanar de
Deus. É assim que a Lei do Decálogo tem todos os caracteres de sua origem,
enquanto as outras leis moisaicas, fundamentalmente transitórias,
muitas vezes em contradição com a lei do Sinai, são obra pessoal e política
do legislador hebreu. Com o abrandarem-se os costumes do povo, essas leis
por si mesmas caíram em desuso, ao passo que o Decálogo ficou sempre
de pé, como farol da humanidade. O Cristo fez dele a base do seu edifício,
abolindo as outras leis. Se estas fossem obra de Deus, seriam conservadas
intactas. O Cristo e Moisés foram os dois grandes reveladores que mudaram
a face ao mundo e nisso está a prova da sua missão divina. Uma obra
puramente humana careceria de tal poder.

Poder da fé

1. Quando Ele veio ao encontro do povo, um homem se lhe aproximou e, lançando- se de joelhos a seus pés, disse: “Senhor, tem piedade d...