domingo, 3 de maio de 2015

Atributos da divindade

Tema utilizado no grupo de estudos intermediário - Março de 2015



A inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreender
a natureza íntima de Deus. Na infância da Humanidade,
o homem o confunde muitas vezes com a criatura, cujas imperfeições
lhe atribui; mas, à medida que nele se desenvolve o senso
moral, seu pensamento penetra melhor no âmago das coisas; então,
faz idéia mais justa da Divindade e, ainda que sempre incompleta,
mais conforme à sã razão.
Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável,
imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom, temos
idéia completa de seus atributos?
A este questionamento de Allan Kardec responderam os
Espíritos Superiores: Do vosso ponto de vista, sim, porque credes
abranger tudo. Sabei, porém, que há coisas que estão acima da inteligência
do homem mais inteligente, as quais a vossa linguagem,
restrita às vossas idéias e sensações, não tem meios de exprimir. A
razão, com efeito, vos diz que Deus deve possuir em grau supremo
essas perfeições, porquanto, se uma lhe faltasse, ou não fosse infinita,
já ele não seria superior a tudo, não seria, por conseguinte, Deus.
Para estar acima de todas as coisas, Deus tem que se achar isento
de qualquer vicissitude e de qualquer das imperfeições que a imaginação
possa conceber.

Deus é a suprema e soberana inteligência. É limitada a inteligência
do homem, pois que não pode fazer, nem compreender,
tudo o que existe. A de Deus, abrangendo o infinito, tem que ser
infinita. Se a supuséssemos limitada num ponto qualquer, poderíamos
conceber outro ser mais inteligente, capaz de compreender e fazer
o que o primeiro não faria e assim por diante, até ao infinito.

Deus é eterno, isto é, não teve começo e não terá fim. Se tivesse
tido princípio, houvera saído do nada. Ora, não sendo o nada
coisa alguma, coisa nenhuma pode produzir. Ou, então, teria sido
criado por outro ser anterior e, nesse caso, este ser é que seria Deus.
Se lhe supuséssemos um começo ou fim, poderíamos conceber uma
entidade existente antes dele e capaz de lhe sobreviver, e assim por
diante, ao infinito.

Deus é imutável. Se estivesse sujeito a mudanças, nenhuma
estabilidade teriam as leis que regem o Universo.
Deus é imaterial, isto é, a sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria.
De outro modo, não seria imutável, pois estaria sujeito às transformações da
matéria. Deus carece de forma apreciável pelos nossos sentidos, sem o que seria matéria.
Dizemos: a mão de Deus, o olho de Deus, a boca de Deus, porque o homem,
nada mais conhecendo além de si mesmo, toma a si próprio por termo de comparação
para tudo o que não compreende. São ridículas essas imagens em que Deus é
representado pela figura de um ancião de longas barbas e envolto num manto. Têm
o inconveniente de rebaixar o Ente supremo até às mesquinhas proporções da Humanidade.
Daí a lhe emprestarem as paixões humanas e a fazerem-no um Deus
colérico e cioso, não vai mais que um passo.

Deus é onipotente. Se não possuísse o poder supremo, sempre se poderia conceber
uma entidade mais poderosa e assim por diante, até chegar-se ao ser cuja
potencialidade nenhum outro ultrapassasse. Esse então é que seria Deus 5.
Deus é soberanamente justo e bom. A providencial sabedoria das leis divinas se
revela nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, não permitindo essa sabedoria
que se duvide da sua justiça, nem da sua bondade. O fato de ser infinita uma qualidade,
exclui a possibilidade de uma qualidade contrária, porque esta a apoucaria ou
anularia. Um ser infinitamente bom não poderia conter a mais insignificante parcela
de malignidade, nem o ser infinitamente mau conter a mais insignificante parcela de
bondade, do mesmo modo que um objeto não pode ser de um negro absoluto, com a
mais ligeira nuança de branco, nem de um branco absoluto com a mais pequenina
mancha preta. Deus, pois, não poderia ser simultaneamente bom e mau, porque então,
não possuindo qualquer dessas duas qualidades no grau supremo, não seria Deus;
todas as coisas estariam sujeitas ao seu capricho e para nenhuma haveria estabilidade.
Não poderia ele, por conseguinte, deixar de ser ou infinitamente bom ou infinitamente
mau. Ora, como suas obras dão testemunho da sua sabedoria, da sua bondade e da sua
solicitude, concluir-se- á que, não podendo ser ao mesmo tempo bom e mau sem deixar
de ser Deus, ele necessariamente tem de ser infinitamente bom. A soberana bondade
implica a soberana justiça, porquanto, se ele procedesse injustamente ou com parcialidade
numa só circunstância que fosse, ou com relação a uma só de suas criaturas, já
não seria soberanamente justo e, em conseqüência, já não seria soberanamente bom.

Deus é infinitamente perfeito. É impossível conceber-se Deus sem o infinito
das perfeições, sem o que não seria Deus, pois sempre se poderia conceber um ser que
possuísse o que lhe faltasse. Para que nenhum ser possa ultrapassá-lo, faz-se mister
que ele seja infinito em tudo. Sendo infinitos, os atributos de Deus não são suscetíveis
nem de aumento, nem de diminuição, visto que, do contrário, não seriam infinitos e
Deus não seria perfeito. Se lhe tirassem a qualquer dos atributos a mais mínima
parcela, já não haveria Deus, pois que poderia existir um ser mais perfeito.

Deus é único. A unicidade de Deus é conseqüência do fato de serem infinitas
as suas perfeições. Não poderia existir outro Deus, salvo sob a condição de ser igualmente
infinito em todas as coisas, visto que, se houvesse entre eles a mais ligeira
diferença, um seria inferior ao outro, subordinado ao poder desse outro e, então, não
seria Deus. Se houvesse entre ambos igualdade absoluta, isso equivaleria a existir, de
toda eternidade, um mesmo pensamento, uma mesma vontade, um mesmo poder.
Confundidos assim, quanto à identidade, não haveria, em realidade, mais que um
único Deus. Se cada um tivesse atribuições especiais, um não faria o que o outro
fizesse; mas, então, não existiria igualdade perfeita entre eles, pois que nenhum possuiria
a autoridade soberana.
A mais elevada concepção de Deus que podemos abrigar no Santuário do Espírito
é aquela que Jesus nos apresentou, em no-lo revelando Pai amoroso e justo, à
espera dos nossos testemunhos de compreensão e de amor.
Jesus não [...] se sentou na praça pública para explicar a natureza de Deus e,
sim, chamou-lhe simplesmente «Nosso Pai», indicando os deveres de amor e reverência
com que nos cabe contribuir na extensão e no aperfeiçoamento da Obra Divina 14.
Por este ensinamento, o Cristo nos esclarece que todos [...] somos irmãos,
filhos de um só Pai, que nos aguarda sempre, de braços abertos, para a suprema
felicidade no eterno bem!...
O Mestre queria dizer-nos que Deus, acima de tudo, é nosso Pai. Criador dos
homens, das estrelas e das flores. Senhor dos céus e da Terra. Para Ele, todos somos
filhos abençoados. Com essa afirmativa, Jesus igualmente nos explicou que somos no
mundo uma só família e que, por isso, todos somos irmãos, com o dever de ajudar-nos
uns aos outros [...]. Na condição de aprendizes do nosso Divino Mestre, devemos seguir-
lhe o exemplo. Se sentirmos Deus como Nosso Pai, reconheceremos que os nossos
irmãos se encontram em toda parte e estaremos dispostos a ajudá-los, a fim de sermos
ajudados, mais cedo ou mais tarde. A vida só será realmente bela e gloriosa, na Terra,
quando pudermos aceitar por nossa grande família a Humanidade inteira.
Em resumo, Deus não pode ser Deus, senão sob a condição de que nenhum
outro o ultrapasse, porquanto o ser que o excedesse no que quer que fosse, ainda que
apenas na grossura de um cabelo, é que seria o verdadeiro Deus. Para que tal não se
dê, indispensável se torna que ele seja infinito em tudo. É assim que, comprovada
pelas suas obras a existência de Deus, por simples dedução lógica se chega a determinar
os atributos que o caracterizam.
Deus é, pois, a inteligência suprema e soberana, é único, eterno, imutável,
imaterial, onipotente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as perfeições, e

não pode ser diverso disso.

domingo, 5 de abril de 2015

Estude e Viva

Queridos companheiros de jornada, iniciamos as nossas atividades no estudo da Doutrina no ano de 2015 no Núcleo de Estudo Espírita Chico Xavier. Iremos compartilhar com vocês os temas que abordamos em nossos estudos, para consulta, ou para que juntos, possamos refletir sobre a mensagem do nosso querido Mestre Jesus.


ESTUDE E VIVA

Estude e viva. Valorizamos a ágape comum, em que se debatem assuntos corriqueiros de vivência humana. Como desinteressar-nos dos encontros espíritas, nos quais se ventilam questões fundamentais da vida eterna? A reunião espírita não é um culto estanque de crença embalsamada em legendas tradicionalistas. Define-se como sendo assembleia de fraternidade ativa, procurando na fé raciocinada a explicação lógica aos problemas da vida, do ser e do destino. Todos somos chamados a participar dela.
Falar e ouvir.
 Ensinar e aprender
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Estamos defrontados no Espiritismo por uma tarefa urgente: desentranhar o pensamento vivo de Allan Kardec dos princípios que lhe constituem a codificação doutrinária, tanto quanto ele, Kardec, buscou desentranhar o pensamento vivo do Cristo dos ensinamentos contidos no Evangelho.
 Capacitemo-nos de que o estudo reclama esforço de equipe. E a vida em equipe é disciplina produtiva, com esquecimento de nós mesmos, em favor de todos. Destacar a obra e olvidar-nos. Compreender que a realização e educação solicitam entendimento e apoio mútuo. Associarmo-nos sem a pretensão de comando. Aceitar as opiniões claramente melhores que as nossas; resignarmo-nos a não ser pessoa providencial. Em hipótese alguma, admitir-nos num conjunto de heróis e sim num agrupamento de criaturas humanas, em que a experiências difíceis podem ocorrer a qualquer momento. Nunca menosprezar os outros, por maiores as complicações que apresentem. Por outro lado, aceitar com sinceridade e bom-humor as críticas que outros nos enderecem. Esquecer as velhas teclas da maldição aos perversos, da sociedade corrompida, da humanidade a caminho do abismo ou do tudo deve ser feito como os guias determinaram. Não subestimar o perigo do mal, todavia, procurar o bem acima de tudo e favorecer lhe a influência; não ignorar os erros da coletividade terrestre, mas identificar-lhe o benefícios e auxiliá-la no aperfeiçoamento preciso; não cerrar os olhos aos enganos da Humanidade, contudo, reconhecer que o progresso é lei e colaborar com o progresso, em todas as circunstâncias; não fugir ao agradecimento devido aos benfeitores e amigos desencarnados, entretanto, não abdicar do raciocínio próprio e nem desertar da responsabilidade pessoal a pretexto de humildade e gratidão para com eles.
 Somos trazidos à escola espírita, a fim de auxiliarmos e sermos auxiliado, na permuta de experiências e aquisição de conhecimento. Estudar para aprender. Aprender para trabalhar. Trabalhar para servir sempre mais. Estude e viva. Pense no valor de sua cooperação na melhoria e no engrandecimento da equipe de que participa, esteja ela constituída no templo doutrinário ou em seu culto doméstico de elevação espiritual. Não esquecer que o seu auxílio ao grupo deve ser tão substancial e tão importante quanto o auxílio que o grupo está prestando a você.

André Luiz Uberaba, 11 de fevereiro de 1965. (Página recebida pelo médium Waldo Vieira)

Poder da fé

1. Quando Ele veio ao encontro do povo, um homem se lhe aproximou e, lançando- se de joelhos a seus pés, disse: “Senhor, tem piedade d...