Bom dia amigos! nas últimas semanas temos tratado o tema o Bem e o Mal. Segue o texto que estudamos nas últimas duas semanas.
O mistério do bem e do mal (J.
Herculano Pires)
“Por que
razão devemos pagar o mal com o bem e amar os nossos inimigos? O certo não é o
contrário, pagar o mal com o mal e odiar os inimigos? O sujeito que me der uma
bofetada leva um tiro que o manda para o inferno. Foi sempre assim que se fez.
O mundo é isso. E é por isso que não entendo as religiões, não entendo o
Espiritismo. Se eu ficar espírita tenho de deixar de ser homem. Vou ser
maricas, bonzinho ou idiota!” Depois disso, o leitor acrescenta: “Quer me dizer
o que é o bem e o que é o mal? Que mistério é esse? Levar uma bofetada é um
bem? Matar um bandido é um mal? Quero ver como vocês, espíritas, se saem
dessa”. Nosso espaço é pouco para responder a tudo. Mas vamos fazer o possível.
Mesmo porque não adianta escrever muito. O próprio leitor informa: “Não sou de
muito ler e de muito pensar. Sou homem de atividade”.
Vamos por
ordem:
1 – Os
bichos se mordem e se estraçalham. O fraco foge do forte. Mas o homem não é
bicho, é homem. Tem inteligência, consciência, linguagem, sabe falar. Os homens
se entendem. Devemos pagar o mal com o bem porque precisamos do bem para viver.
O mal aumenta o mal e transforma os homens em bichos. A lei do “olho por olho e
dente por dente” pertence às épocas de barbárie. Só o amor produz a
civilização, humanizando os costumes e desenvolvendo a solidariedade.
2 – Se o
leitor se tornar espírita, deixará no passado o bicho que existe em cada um de
nós, para se tornar uma criatura humana. Aliás, toda religião e toda doutrina
espiritualista, sejam quais forem, têm por finalidade afastar o homem da
condição animal, para humanizá-lo. Ser bom, não é ser idiota. Pelo contrário, a
idiotice está precisamente em ser mau. Os maus se condenam a si mesmos e
acendem um braseiro na consciência.
3 – Levar
uma bofetada pode ser um bem, quando serve para ensinar o bem, como no caso de
Jesus. Matar um bandido é sempre um mal, pois ninguém precisa mais de viver do
que um bandido.
A vida é a
grande educadora das almas. Matar um bandido é retirar a sua possibilidade de
regenerar-se, de aprender a ser bom.
Em todos os
países civilizados o direito penal moderno é contrário à pena de morte. O
bandido é um homem em que o animal predomina. Mas, é um homem, um filho de
Deus, uma alma pela qual o Cristo se entregou ao suplício da cruz. O bandido é
um nosso irmão em erro, que deve ser corrigido e não aniquilado.
4 – Um homem
de atividade, ou de ação, precisa ler e pensar. A atividade sem pensamento é
impossível. Primeiro pensamos, depois agimos. Os que dizem que preferem agir
estão errados, pois na verdade estão agindo sem o necessário critério, que vem
da reflexão. Por outro lado, a reflexão se apoia no conhecimento e, quem não
lê, conhece muito pouco. A boa leitura e o bom pensamento conduzem à ação reta,
à atividade certa. Leia mais e pense, sempre, antes de agir.
José Herculano Pires (Avaré, SP, 25 de setembro de 1914, — São Paulo, SP, 9 de março de 1979) foi um jornalista, filósofo, educador, escritor e tradutor brasileiro.
Destacou-se como um dos mais ativos divulgadores do espiritismo no país. Traduziu os escritos de Allan Kardec e escreveu tanto estudos filosóficos quanto obras literárias inspiradas na Doutrina Espírita.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Herculano_Pires
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