sexta-feira, 12 de maio de 2017

Meu Reino não é deste mundo



Meu Reino não é deste mundo 


1. Pilatos, tendo entrado de novo no palácio e feito vir Jesus à sua presença, perguntou-
lhe: “És o rei dos judeus?” — Respondeu-lhe Jesus: “Meu reino não é deste
mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, a minha gente houvera combatido para
impedir que eu caísse nas mãos dos judeus; mas o meu reino ainda não é aqui.”
Disse-lhe então Pilatos: “És, pois, rei?” — Jesus lhe respondeu: “Tu o dizes; sou
rei; não nasci e não vim a este mundo senão para dar testemunho da verdade.
Aquele que pertence à verdade escuta a minha voz.” (João, 18:33, 36 e 37.)












2.
Por essas palavras, Jesus claramente se refere à vida futura, que
Ele apresenta, em todas as circunstâncias, como a meta que a Humanidade
irá ter e como devendo constituir objeto das maiores preocupações
do homem na Terra. Todas as suas máximas se reportam a esse grande
princípio. Com efeito, sem a vida futura, nenhuma razão de ser teria a
maior parte dos seus preceitos morais, donde vem que os que não creem
na vida futura, imaginando que Ele apenas falava na vida presente, não
os compreendem, ou os consideram pueris.
Esse dogma pode, portanto, ser tido como o eixo do ensino do Cristo,
pelo que foi colocado num dos primeiros lugares à frente desta obra. É que
ele tem de ser o ponto de mira de todos os homens; só ele justifica as anomalias
da vida terrena e se mostra de acordo com a Justiça de Deus.
3. Apenas ideias muito imprecisas tinham os judeus acerca da vida
futura. Acreditavam nos anjos, considerando-os seres privilegiados da Criação;
não sabiam, porém, que os homens podem um dia tornar-se anjos e
partilhar da felicidade destes. Segundo eles, a observância das Leis de Deus
era recompensada com os bens terrenos, com a supremacia da nação a que
pertenciam, com vitórias sobre os seus inimigos. As calamidades públicas
e as derrotas eram o castigo da desobediência àquelas leis. Moisés não pudera
dizer mais do que isso a um povo pastor e ignorante, que precisava
ser tocado, antes de tudo, pelas coisas deste mundo. Mais tarde, Jesus lhe
revelou que há outro mundo, onde a Justiça de Deus segue o seu curso.
É esse o mundo que Ele promete aos que cumprem os mandamentos de
Deus e onde os bons acharão sua recompensa. Aí o seu reino; lá é que Ele
se encontra na sua glória e para onde voltaria quando deixasse a Terra.
Jesus, porém, conformando seu ensino com o estado dos homens de
sua época, não julgou conveniente dar-lhes luz completa, percebendo que
eles ficariam deslumbrados, visto que não a compreenderiam. Limitou-se
a, de certo modo, apresentar a vida futura apenas como um princípio,
como uma Lei da Natureza a cuja ação ninguém pode fugir. Todo cristão,
pois, necessariamente crê na vida futura; mas a ideia que muitos fazem dela
é ainda vaga, incompleta e, por isso mesmo, falsa em diversos pontos. Para
grande número de pessoas, não há, a tal respeito, mais do que uma crença,
balda de certeza absoluta, donde as dúvidas e mesmo a incredulidade.
O Espiritismo veio completar, nesse ponto, como em vários outros,
o ensino do Cristo, fazendo-o quando os homens já se mostram maduros
bastante para apreender a verdade. Com o Espiritismo, a vida futura deixa
de ser simples artigo de fé, mera hipótese; torna-se uma realidade material,
que os fatos demonstram, porquanto são testemunhas oculares os que a
descrevem nas suas fases todas e em todas as suas peripécias, e de tal sorte
que, além de impossibilitarem qualquer dúvida a esse propósito, facultam
à mais vulgar inteligência a possibilidade de imaginá-la sob seu verdadeiro
aspecto, como toda gente imagina um país cuja pormenorizada descrição
leia. Ora, a descrição da vida futura é tão circunstanciadamente feita, são
tão racionais as condições, ditosas ou infortunadas, da existência dos que
lá se encontram, quais eles próprios pintam, que cada um, aqui, a seu mau
grado, reconhece e declara a si mesmo que não pode ser de outra forma,
porquanto, assim sendo, patente fica a verdadeira Justiça de Deus.


 

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