segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Ante as portas livres



Boa tarde amigos! No dia 22 de Novembro de 2014 foi abordado o texto do prefâcio do livro Libertação de André Luiz  psicografado por nosso querido Chico Xavier.



Ante as portas livres de acesso ao trabalho cristão e ao conhecimento salutar que André Luiz vai desvelando, recordamos prazerosamente a antiga lenda egípcia do peixinho vermelho.
No centro de formoso jardim, havia grande lago, adornado de ladrilhos azul-turquesa.
Alimentado por diminuto canal de pedra, escoava suas águas, do outro lado, através de grade muito estreita.
Nesse reduto acolhedor, vivia toda uma comunidade de peixes, a se refestelarem, nédios e satisfeitos, em complicadas locas, frescas e sombrias.
Elegeram um dos concidadãos de barbatanas para os encargos de rei, e ali
viviam, plenamente despreocupados, entre a gula e a preguiça.
Junto deles, porém, havia um peixinho vermelho, menosprezado de todos.
Não conseguia pescar a mais leve larva, nem refugiar-se nos nichos barrentos.
Os outros, vorazes e gordalhudos, arrebatavam para si todas as formas larvárias e ocupavam, displicentes, todos os lugares consagrados ao descanso.
O peixinho vermelho que nadasse e sofresse. Por isso mesmo era visto,
em correria constante, perseguido pela canícula ou atormentado de fome.
Não encontrando pouso no vastíssimo domicilio, o pobrezinho não dispunha de tempo para muito lazer e começou a estudar com bastante interesse.
Fêz o inventário de todos os ladrilhos que enfeitavam as bordas do poço, arrolou todos os buracos nele existentes e sabia, com precisão, onde se
reuniria maior massa de lama por ocasião de aguaceiros.
Depois de muito tempo, à custa de longas perquirições, encontrou a grade do escoadouro.
A frente da imprevista oportunidade de aventura benéfica, refletiu consigo:
— “Não será melhor pesquisar a vida e conhecer outros rumos?”
Optou pela mudança.
Apesar de macérrimo pela abstenção completa de qualquer conforto,
perdeu várias escamas, com grande sofrimento, a fim de atravessar a passagem estreitíssima.
Pronunciando votos renovadores, avançou, otimista, pelo rego d’água, encantado com as novas paisagens, ricas de flores e sol que o defrontavam, e
seguiu, embriagado de esperança ...
Em breve, alcançou grande rio e fêz inúmeros conhecimentos.
Encontrou peixes de muitas famílias diferentes, que com ele simpatizaram,
Instruindo-o quanto aos percalços da marcha e descortinando-lhe mais fácil
roteiro.
Embevecido, contemplou nas margens homens e animais, embarcações e pontes, palácios e veículos, cabanas e arvoredo.
Habituado com o pouco, vivia com extrema simplicidade, jamais perdendo a
leveza e a agilidade naturais.
Conseguiu, desse modo, atingir o oceano, ébrio de novidade e sedento de
estudo.
De Inicio, porém, fascinado pela paixão de observar, aproximou-se de uma
baleia para quem toda a água do lago em que vivera não seria mais que
diminuta ração; impressionado com o espetáculo, abeirou-se dela mais que
devia e foi tragado com os elementos que lhe constituíam a primeira refeição
diária.
Em apuros, o peixinho aflito orou ao Deus dos Peixes, rogando proteção no
bojo do monstro e, não obstante as trevas em que pedia salvamento, sua prece
foi ouvida, porque o valente cetáceo começou a soluçar e vomitou, restituindo-o
às correntes marinhas.
O pequeno viajante, agradecido e feliz, procurou companhias sim páticas e aprendeu a evitar os perigos e tentações.
Plenamente transformado em suas concepções do mundo, passou a reparar as infinitas riquezas da vida. Encontrou plantas luminosas, animais estranhos,
estrelas móveis e flores diferentes no seio das águas. Sobretudo, descobriu a existência de muitos peixinhos, estudiosos e delgados tanto quanto ele, junto dos quais se sentia maravilhosamente feliz.
Vivia, agora, sorridente e calmo, no Palácio de Coral que elegera, com centenas de amigos, para residência ditosa, quando, ao se referir ao seu começo laborioso, veio a saber que sômente no mar as criaturas aquáticas
dispunham de mais sólida garantia, de vez que, quando o estio se fizesse mais
arrasador, as águas de outra altitude continuariam a correr para o oceano.
O peixinho pensou, pensou... e sentindo imensa compaixão daqueles com quem convivera na infância, deliberou consagrar-se à obra do progresso e
salvação deles.
Não seria justo regressar e anunciar-lhes a verdade? não seria nobre ampará-los, prestando-lhes a tempo valiosas informações? Não hesitou.
Fortalecido pela generosidade de irmãos benfeitores que com ele viviam no
Palácio de Coral, empreendeu comprida viagem de volta.
Tornou ao rio, do rio dirigiu-se aos regatos e dos regatos se encaminhou
para os canaizinhos que o conduziram ao primitivo lar.
Esbelto e satisfeito como sempre, pela vida de estudo e serviço a que se devotava, varou a grade e procurou, ansiosamente, os velhos companheiros.
Estimulado pela proeza de amor que efetuava, supôs que o seu regresso
causasse surpresa e entusiasmo gerais. Certo, a coletividade inteira lhe celebraria o feito, mas depressa verificou que ninguém se mexia.
Todos os peixes continuavam pesados e ociosos, repimpados nos mesmos
ninhos lodacentos, protegidos por flores de lótus, de onde saiam apenas para
disputar larvas, moscas ou minhocas desprezíveis.
Gritou que voltara a casa, mas não houve quem lhe prestasse atenção,
porqüanto ninguém, ali, havia dado pela ausência dele.
Ridicullzado, procurou, então, o rei de guelras enormes e comunicou-lhe a
reveladora aventura.
O soberano, algo entorpecido pela mania de grandeza, reuniu o povo e
permitiu que o mensageiro se explicasse.
O benfeitor desprezado, valendo-se do ensejo, esclareceu, com ênfase, que
havia outro mundo liquido, glorioso e sem fim. Aquele poço era uma
Insignificância que podia desaparecer, de momento para outro. Além do
escoadouro próximo desdobravam-se outra vida e outra experiência. Lá fora,
corriam regatos ornados de flores, rios caudalosos repletos de seres diferentes
e, por fim, o mar, onde a vida aparece cada vez mais rica e mais surpreendente.
Descreveu o serviço de tainhas e salmões, de trutas e esqüalos. Deu
notícias do peixe-lua, do peixe-coelho e do galo-do-mar. Contou que vira o céu
repleto de astros sublimes e que descobrira árvores gigantescas, barcos
imensos, cidades praieiras, monstros temíveis, jardins submersos, estrelas do
oceano e ofereceu-se para conduzi-los ao Palácio de Coral, onde viveriam
todos, prósperos e tranquilos. Finalmente os informou de que semelhante
felicidade, porém, tinha igualmente seu preço. Deveriam todos emagrecer,
convenientemente, abstendo-se de devorar tanta larva e tanto verme nas locas
escuras e aprendendo a trabalhar e estudar tanto quanto era necessário à
venturosa jornada.
Assim que terminou, gargalhadas estridentes coroaram-lhe a preleção.
Ninguém acreditou nele.
Alguns oradores tomaram a palavra e afirmaram, solenes, que o peixinho
vermelho delirava, que outra vida além do poço era francamente impossível,
que aquela história de riachos, rios e oceanos era mera fantasia de cérebro
demente e alguns chegaram a declarar que falavam em nome do Deus dos
Peixes, que trazia os olhos voltados para eles ünicamente.
O soberano da comunidade, para melhor ironizar o peixinho, dirigiu-se em
companhia dele até à grade de escoamento e, tentando, de longe, a travessia,
exclamou, borbulhante:
— “Não vês que não cabe aqui nem uma só de minhas barbatanas?
Grande tolo! vai-te daqui! não nos perturbes o bem-estar... Nosso lago é o
centro do Universo... Ninguém possui vida igual à nossa! ..
Expulso a golpes de sarcasmo, o peixinho realizou a viagem de retorno e
instalou-se, em definitivo, no Palácio de Coral, aguardando o tempo.
Depois de alguns anos, apareceu pavorosa e devas tadora seca.
As águas desceram de nivel. E o poço onde viviam os peixes pachorrentos
e vaidosos esvaziou-se, compelindo a comunidade inteira a perecer, atolada na
lama...
O esforço de André Luis, buscando acender luz nas trevas, é semelhante à
missão do peixinho vermelho.
Encantado com as descobertas do caminho infinito, realizadas depois de
muitos conflitos no sofrimento, volve aos recôncavos da Crosta Terrestre,
anunciando aos antigos companheiros que, além dos cubículos em que se
movimentam, resplandece outra vida, mais intensa e mais bela, exigindo,
porém, acurado aprimoramento individual para a travessia da estreita
passagem de acesso às claridades da sublimação.
Fala, informa, prepara, esclarece ...
Há, contudo, muitos peixes humanos que sorriem e passam, entre a
mordacidade e a Indiferença, procurando locas passageiras ou pleiteando
larvas temporárias.
Esperam um paraíso gratuito com milagrosos deslumbramentos depois da
morte do corpo.
Mas, sem André Luiz e sem nós, humildes servidores de boa vontade, para
todos os caminheiros da vida humana pronunciou o Pastor Divino as indeléveis
palavras: — “A cada um será dado de acordo com as suas obras.”

EMMANUEL
Pedro Leopoldo, 22 de fevereiro de 1949.

REENCARNAÇÃO



Boa tarde queridos amigos! No dia 11 de Novembro de 2014, foi abordado no grupo de estudos de iniciantes o tema: "Reencarnação". Segue o texto que foi estudado.




“A alma, depois de residir temporariamente no Espaço, renasce na condição humana,
trazendo consigo a herança, boa ou má, do seu passado; (...) reaparece na cena terrestre para (...) pagar as dívidas que contraiu, conquistar novas capacidades que lhe hão de facilitar a ascensão, acelerar a marcha para a frente.
A lei dos renascimentos explica e completa o princípio da imortalidade. (...)” (06)
Não se pode compreender que o Espírito, destinado à perfeição, consiga realizar toda
sorte de progresso numa só existência física. Os próprios fatos do dia-a-dia rejeitam tal idéia.
“(...) Devemos ver na pluralidade das vidas da alma a condição necessária de sua educação e de seus progressos. É à custa dos próprios esforços, de suas lutas, de seus sofrimentos, que ela se redime de seu estado de ignorância e de inferioridade e se eleva, de degrau a degrau, (...)“ a caminho das inúmeras habitações do Universo. (06)
“(...) Cada um leva para a outra vida e traz, ao nascer, a semente do passado. (...)” (07)
Somos hoje o resultado das experiências vividas no passado, como seremos amanhã, o produto das nossas ações de hoje.
“(...) Nem todas as almas têm a mesma idade, nem todas subiram com o mesmo passo
seus estádios evolutivos. Umas percorreram uma carreira imensa e aproximaram-se já do apogeu dos progressos terrestres; outras mal começam o seu ciclo de evolução no seio das humanidades. Estas são as almas jovens, emanadas há menos tempo do Foco Eterno. (...)
Chegadas à humanidade, tomarão lugar entre os povos selvagens ou entre as raças bárbaras que povoam os continentes atrasados, as regiões deserdadas do Globo. E, quando, afinal, penetram em nossas civilizações ainda facilmente se deixam reconhecer pela falta de desembaraço, de jeito, pela sua incapacidade para todas as coisas e, principalmente, pelas suas paixões violentas (...)” (08)
“(...) Assim, no encadeamento das nossas estações terrestres, continua e completa-se a
obra grandiosa de nossa educação, o moroso edificar de nossa individualidade, de nossa personalidade moral. É por essa razão que a alma tem de encarnar sucessivamente nos meios mais diversos, em todas as condições sociais;” (09) é passando alternadamente pelas vidas de pobreza ou riqueza, pelas experiências de renúncias e de trabalho, que irá compreendendo a transitoriedade dos bens materiais e desenvolvendo valores espirituais superiores. “(...) São necessárias as existências de estudo, as missões de dedicação, de caridade, por via das quais se ilustra a inteligência e o coração se enriquece com a aquisição de novas qualidades; virão depois as vidas de sacrifício pela família, pela pátria, pela Humanidade. (...)” Ocorrerão por certo, existências onde o orgulho e o egoísmo serão abafados através das provas dolorosas de resgate do passado de erros.
Assim se define, pois, a pluralidade das existências, ou reencarnação, ou palingenesia.
É uma lei natural, necessária ao aperfeiçoamento humano.
“A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição. Só os
saduceus (seita judia, formada por volta do ano 248 a.C., fundada por Sadoc), cuja crença era a de que tudo acaba com a morte, não acreditavam nisso. (...)” (03)
Os judeus não tinham idéias precisas a respeito do mecanismo da ligação da alma ao
corpo e mesmo sobre a imortalidade do Espírito.
“(...) Criam eles que um homem que vivera podia reviver, sem saberem precisamente
de que maneira o fato poderia dar-se. Designavam pelo termo ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação. Com efeito, a ressurreição dá idéia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham desde muito tempo dispersos e absorvidos. A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas e outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo. A palavra ressurreição podia assim aplicar-se a Lázaro, mas não a Elias, nem aos outros profetas. (03) “A idéia de que João Batista era o Espírito de Elias reencarnado, tornou-se tão firme nos discípulos de Jesus, que não admitiam absolutamente dúvida a respeito. E é de notar que o Senhor não dissuadiu seus discípulos desse pensamento; ao contrário, confirmou-o categoricamente:
“Se vós quereis compreender, João Batista é o Elias que há de vir”. (Mateus: 11,
14 é 15)” (10)
Quando Jesus disse a Nicodemos: “Em verdade, em verdade, digo-te: Ninguém pode
ver o reino de Deus se não nascer de novo” e ante a estranheza do senador dos judeus de como tal situação poderia ocorrer: Como pode isso fazer-se? Jesus replicou como que surpreendido:
“És mestre em Israel e ignoras estas coisas? Digo-te em verdade, que não dizemos
senão o que sabemos e que não damos testemunho, senão do que temos visto. Entretanto, não aceitas o nosso testemunho — Mas, se não me credes, quando vos falo das coisas da Terra, como me crereis, quando vos fale das coisas do céu?” (João, 3: 1 a 12), quis mostrar que a crença na reencarnação é um ensinamento óbvio, natural, inerente à evolução do próprio homem.
Jesus ensinou a Doutrina das vidas sucessivas a Nicodemos, pregando-a a toda a Humanidade, porque somente através da reencarnação, o homem sabe quem é, donde veio e para aonde vai.
“Não há, pois, dúvidas de que, sob o nome de ressurreição, o princípio da reencarnação
era ponto de uma das crenças fundamentais dos judeus, ponto que Jesus e os profetas confirmaram de modo formal; donde se segue que negar a reencarnação é negar as palavras do Cristo. (...)” (04)
Não encarnamos e reencarnamos apenas no planeta Terra; “não; vivemo-las em diferentes mundos. As que aqui passamos não são as primeiras, nem as últimas; são, porém, das mais materiais e das mais distantes da perfeição.” (01)
“A bem dizer, a encarnação carece de limites precisamente traçados, se tivermos em
vista apenas o envoltório que constitui o corpo do Espírito, dado que a materialidade desse envoltório diminui à proporção que o Espírito se purifica. Em certos mundos mais adiantados do que a Terra, já ele é menos compacto, menos pesado e menos grosseiro e, por conseguinte, menos sujeito a vicissitudes. Em grau mais elevado, é diáfano e quase fluídico. Vai desmaterializando-se de grau em grau e acaba por se confundir com o perispírito. (...)” (05)
A constituição do perispírito está em função da natureza de cada mundo.
“(...) O próprio perispírito passa por transformações sucessivas. Torna-se cada vez
mais etéreo, até à depuração completa, que é a condição dos puros Espíritos. (...)” (05)
A encarnação, tal como ocorre na Terra, é a mesma que se observa nos mundos inferiores. Nos mundos superiores, onde só imperam o sentimento de fraternidade e estando os seus habitantes livres das paixões grosseiras que ocorrem em mundos atrasados, os Espíritos gozam de uma encarnação bem mais feliz e nenhum temor têm da morte. “(...) A duração da vida, nos diferentes mundos, parece guardar proporção com o grau de superioridade física e moral de cada um, o que é perfeitamente racional. Quanto menos material o corpo, menos sujeito às vicissitudes que o desorganizam. Quanto mais puro o Espírito, menos paixões a dominá-lo. É essa ainda uma graça da Providência, que desse modo abrevia os sofrimentos.” (02)
* * *
FONTES DE CONSULTA
01 - KARDEC, Allan. Da Pluralidade das Existências. In: O Livro dos Espíritos. Trad. de
Guillon Ribeiro. 75. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1994. Perg. 172, pág. 122.
02 - Comentário à perg. 182, págs. 125-126.
03 - Ninguém poderá ver o reino de Deus se não nascer de novo. In: O Evangelho Segundo o
Espiritismo. Trad. de Guillon Ribeiro. 111. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1995. Item 4, pág. 84.
04 - Item 16, pág. 89.
05 - Item 24, págs. 93-94.
06 - DENIS, Léon. As Vidas Sucessivas. A Reencarnação e Suas Leis. In: O Problema do
Ser. do Destino e da Dor. 16. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1991. Pág. 163.
07 - Pág. 165.
08 - Pág. 166.
09 - Pág. 167.
10 - SAYÃO, Antônio Luiz. In: Elucidações Evangélicas. 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995.
Págs. 258-260.
Texto Extraído do Programa II do ESDE Editado Pela FEB

Texto Complementar


Estudo de caso simplificado: A História de Stella
A seguinte história foi relatada por Edgar Cayce, notável
médium americano, cuja última encarnação ocorreu no período
de 1877-1945.
Stela Kirby, uma senhora simpática, tranqüila e algo tímida, sempre teve vida difícil, sobretudo depois que, por motivos conjugais e financeiros, se viu na contingência de educar a única filha às próprias custas. Amigos aconselharam-na, então, a trabalhar na área de enfermagem.
Tempos depois, Stella foi encaminhada a uma família rica que procurava alguém para cuidar de um parente enfermo. No acerto das condições de trabalho, ficou estipulado que Stella receberia bom salário e local para morar com a filha, em aposentos próprios, na residência dos seus empregadores.
Quando Stella viu, pela primeira vez, o enfermo do qual deveria cuidar, quase desmaiou, chocada com a situação do mesmo. Tratava-se de um homem de 57 anos, em completo estado de retardamento mental. Sua cama era cercada por uma jaula de ferro. O doente ficava, a maior parte do dia, sentado,
rasgando a roupa que lhe vestiam; recusava-se a comer, mantendo-
se em permanente estado de imundície, devido à falta de controle das funções fisiológicas; o olhar era vago, perdido em si mesmo; a inexpressividade ao falar indicava que não tinha a menor consciência do que ocorria à sua volta.
Tomada de coragem, Stella entrou na jaula para cuidar do seu paciente, mas, devido às condições reinantes, passou tão mal que teve que correr ao banheiro, por não poder controlar as náuseas.
Presa de angustiante sentimento de desânimo, imaginou que a tarefa poderia ser superior às suas forças.
Entretanto, ao buscar auxílio junto aos benfeitores espirituais, por intermédio da mediunidade de Edgar Cayce, estes esclareceram [...] que já duas vezes no passado os caminhos de Stella e daquele homem se haviam cruzado. No Egito, ele havia sido filho dela; o asco que ora sentia por ele, no entanto, provinha de uma existência no Oriente Médio, na qual ele fora um rico filantropo que, no entanto, levava uma vida de devassidão, numa espécie de
harém, onde praticava abusos de toda sorte. Stella fora, então, uma
das infelizes que tinham de se submeter aos seus caprichos. (*) O reencontro de ambos, na presente reencarnação, visava ao perdão mútuo, reajustando-os perante a Lei de Deus.
Stella foi também esclarecida por Cayce que, se soubesse agir com afeto, o
doente responderia aos seus cuidados. Cabia-lhe, portanto, aprender a amar o
enfermo, disposta a reparar o passado desditoso. Abandoná-lo não seria [...]
solução, porque a ligação entre os dois continuaria em suspenso, a invadir os domínios de futuras existências. Stella jamais ouvira falar de reencarnação. Cayce lhe disse, ainda, que numa outra existência, na Palestina, ela cuidara de crianças defeituosas e que, portanto, estava habilitada ao trabalho junto ao paciente. Ela voltou à tarefa com nova carga de coragem e nova compreensão dos seus problemas. Para encurtar a história: o pobre homem de fato respondeu ao tratamento carinhoso de Stella; começou a alimentar-se espontaneamente, a conservar-se limpo e vestido.
Com o olhar pacificado ele seguia Stella, sem perdê-la de vista um minuto. (*)
 



Poder da fé

1. Quando Ele veio ao encontro do povo, um homem se lhe aproximou e, lançando- se de joelhos a seus pés, disse: “Senhor, tem piedade d...