“Tudo o que vive
neste mundo, natureza, animal, homem, sofre e, todavia, o amor é a
lei do Universo e por
amor foi que Deus formou os seres. Contradição aparentemente horrível, problema
angustioso, que perturbou tantos pensadores e os levou à dúvida e ao
pessimismo.
O animal está sujeito
à luta ardente pela vida. Entre as ervas do prado, as folhas e a ramaria dos bosques,
nos ares, no seio das águas, por toda a parte desenrolam-se dramas ignorados.
(...)
Quanto à Humanidade,
sua história não é mais que um longo martirológio. Através dos
tempos, por cima dos
séculos, rola a triste melopéia dos sofrimentos humanos (...).
A dor segue todos os
nossos passos; espreita-nos em todas as voltas do caminho. E,
diante desta esfinge
que o fita com seu olhar estranho, o homem faz a eterna pergunta: Por que
existe a dor? (...)
Fundamentalmente
considerada, a dor é uma lei de equilíbrio e educação. (...)” (08)
Neste sentido, os
flagelos destruidores são permitidos por Deus para que a Humanidade
possa progredir mais
depressa. (01) Aliás, a palavra flagelo geralmente é interpretada como algo
prejudicial, quando, na realidade, representa o meio pelo qual as
transformações necessárias ao progresso humano se realizam mais rapidamente.
É bem verdade que
existem outros processos, menos rigorosos, para fazerem os homens
progredir e Deus “(...)
os emprega todos os dias, pois deu a cada um os meios de progredir pelo
conhecimento do bem e do mal. O homem, porém, não se aproveita desses meios.
Necessário, portanto,
se torna que seja castigado no seu orgulho e que se faça sentir a sua fraqueza.
(...)” (02)
E com o abatimento do
orgulho “(..) a Humanidade se transforma, como já se transformou noutras
épocas, e cada transformação se assinala por uma crise que é, para o gênero
humano, o que são, para os indivíduos, as crises de crescimento. Aquelas se
tornam, muitas vezes, penosas, dolorosas, e arrebatam consigo as gerações, e as
instituições, mas são sempre seguidas de uma fase de progresso material e
moral. (...) (06)
Quando os flagelos
naturais, tais como cataclismos, enchentes, fome, epidemias de
doenças e de pragas
em plantações, a seca, os terremotos e maremotos, as erupções vulcânicas, os ciclones
etc, se abatem sobre a Humanidade, muitos se revoltam contra Deus, perdendo oportunidades
valiosas de compreender o significado de tais acontecimentos.
“A Lei do Carma ou de
Causa e Efeito exerce sua influência inelutável não só sobre os
homens, individualmente,
como também sobre os grupos sociais.
Assim, por exemplo,
quando uma família, nação ou raça busca algo que lhe traga maiores satisfações,
esforça-se por melhorar suas condições de vida ou adota medidas que visem a
acelerar o seu desenvolvimento, sem prejudicar ou fazer mal a outrem, está
contribuindo, de alguma forma, para a evolução da Humanidade, e isso é bom.
Receberá, então novas e mais amplas oportunidades de trabalho e progresso,
conduzindo os elementos que a constituem a níveis cada vez mais elevados. (...)”
(07)
Se, porém, procede ao
contrário, “(...) mais cedo ou mais tarde sofrerá a perda de tudo
aquilo que adquiriu
injustamente, em circunstâncias mais ou menos trágicas e aflitivas, segundo o
grau de malícia e crueldade que lhe tenha caracterizado as ações. (...)” (07)
É assim que, mais
tarde, em outras existências planetárias, são chamados a expiações
coletivas ou
individuais, sob a forma de flagelos destruidores.
Acontece, porém, que “(...)
Muitos flagelos resultam da imprevidência do homem. À
medida que adquire
conhecimentos e experiência, ele os vai podendo conjurar, isto é, prevenir, se
lhes sabe pesquisar as causas. Contudo, entre os males que afligem a
humanidade, alguns há de caráter geral, que estão nos decretos da Providência e
dos quais cada indivíduo recebe, mais ou menos, o contragolpe. A esses nada
pode o homem opor a não ser sua submissão à vontade de Deus. Esses mesmos
males, entretanto, ele muitas vezes os agrava pela sua negligência.
Na primeira linha dos
flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, devem
ser colocados a
peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais às produções a terra.
(...)” (03)
Enfrentando esses
flagelos, o homem é impulsionado por força da necessidade, buscando soluções
para se libertar do mal que o ataca. É por isso que a dor torna-se um processo,
um meio de equilíbrio e educação, como assinalamos acima.
Mesmo as guerras, que
nada mais representam do que a “(...) Predominância da natureza animal sobre a
natureza espiritual e transbordamento das paixões”(...) (04), geram a liberdade
e o progresso” (05) da Humanidade.
Deus permite que haja
a guerra e todas as suas funestas conseqüências, para que o homem, ao contacto
com a dor, se liberte, por um lado, do seu passado de erros, e burile, por outro,
as tendências más que ainda o fazem manter-se em atraso moral.
* * *
FONTES DE CONSULTA
01 - KARDEC, A!Ian.
Da lei de Destruição. In: — O Livro dos Espíritos. Trad. de Guillon
Ribeiro. 76. ed. Rio
[de Janeiro]: FEB, 1995. Perg. 737, págs. 348-349.
02 - Perg. 738, págs.
349-350.
03 - Perg. 741 e
comentários. Págs. 350-351.
04 - Perg. 742, págs.
351.
05 - Perg. 744, págs.
351 -352.
06 - São chegados os
tempos. In:_. A Gênese. Trad. de Guillon Ribeiro. 35. ed. Rio [de
Janeiro]: FEB, 1992.
Item 9, pág. 407.
07 - CALLIGARIS,
Rodolfo. As expiações coletivas. In:_. Páginas de Espiritismo Cristão.
4. ed. Rio [de
Janeiro]: FEB, 1993. Págs. 47-50.
08 - DENIS, Léon. A
dor. In:_. O Problema do Ser, do Destino e da Dor. 16. ed. Rio [de
Janeiro]: FEB, 1991.
Págs. 371-372.
Texto Extraído do Programa
III do ESDE Editado Pela FEB
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