O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal,
tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei
de Deus. Fazer o mal é infringi-la. Allan
Kardec: O livro dos espíritos, questão 630.
■ A lei de Deus é a mesma para todos; porém, o mal depende
principalmente da vontade que se tenha de o praticar. O bem é sempre o bem e o
mal sempre o mal, qualquer que seja a posição do homem. Diferença só há quanto
ao grau da responsabilidade. Allan Kardec: O livro dos espíritos,
questão 636.
■ Tanto mais culpado é o homem, quanto melhor sabe o que faz.
Allan
Kardec: O livro dos espíritos, questão 637.
■ As circunstâncias dão relativa gravidade ao bem e ao mal. Muitas vezes,
comete o homem faltas que, nem por serem consequência da posição em que a
sociedade o colocou se tornam menos repreensíveis. Mas, a sua responsabilidade
é proporcionada aos meios de que ele dispõe para compreender o bem e o mal.
Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma
simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus
instintos. Allan Kardec: O livro dos
espíritos, questão 637 – comentário.
Sendo Deus o princípio de todas as
coisas e sendo todo sabedoria, todo bondade, todo justiça, tudo o que dele procede
há de participar dos seus atributos, porquanto o que é infinitamente sábio,
justo e bom nada pode produzir que seja ininteligente, mau e injusto. O mal que
observamos não pode ter nele a sua origem. Com efeito, esclarece Emmanuel, o
[...] determinismo divino se constitui de uma só lei, que é a do amor para a
comunidade universal. Todavia, confiando em si mesmo, mais do que em Deus, o
homem transforma a sua fragilidade em foco de ações contrárias a essa mesma
lei, efetuando, desse modo, uma intervenção indébita na harmonia divina. Eis o
mal.
Urge recompor os elos sagrados dessa
harmonia sublime. Eis o resgate.
Vede, pois, que o mal, essencialmente
considerado, não pode existir para Deus, em virtude de representar um desvio do
homem, sendo zero na Sabedoria e na Providência Divinas. O Criador é sempre o
Pai generoso e sábio, justo e amigo, considerando os filhos transviados como
incursos em vastas experiências.
Mas, como Jesus e os seus prepostos
são seus cooperadores divinos, e eles próprios instituem as tarefas contra o
desvio das criaturas humanas, focalizam os prejuízos do mal com a força de suas
responsabilidades educativas, a fim de que a Humanidade siga retamente no seu
verdadeiro caminho para Deus.
Dessa forma, o [...] bem é tudo o que
é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem
é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la. Não é
difícil ao homem distinguir o bem do mal [...] quando crê em Deus e o quer
saber. Deus lhe deu a inteligência para distinguir um do outro. Basta, para
isso, que aplique a si mesmo o preceito de Jesus [...] vede o que queríeis que
vos fizessem ou não vos fizessem. Tudo se resume nisso.
Note-se, entretanto, que a [...] regra
do bem e do mal, que se poderia chamar de reciprocidade ou de solidariedade, é
inaplicável ao proceder pessoal do homem para consigo mesmo 10. É importante
que o homem conheça os seus limites. A lei natural, neste sentido, é-lhe guia
seguro desse proceder, como explicam os Espíritos Superiores: Quando comeis em
excesso, verificais que isso vos faz mal. Pois bem, é Deus quem vos dá a medida
daquilo de que necessitais. Quando excedeis dessa medida, sois punidos. Em tudo
é assim. A lei natural traça para o homem o limite das suas necessidades. Se
ele ultrapassa esse limite, é punido pelo sofrimento. Se atendesse sempre à voz
que lhe diz – basta, evitaria a maior parte dos males, cuja culpa lança à
Natureza.
A lei de Deus é a mesma para todos;
porém, o mal depende principalmente da vontade que se tenha de o praticar. O
bem é sempre o bem e o mal sempre o mal, qualquer que seja a posição do homem.
Diferença só há quanto ao grau da responsabilidade. Tanto mais culpado é o homem,
quanto melhor sabe o que faz.
As circunstâncias dão relativa
gravidade ao bem e ao mal. Muitas vezes, comete o homem faltas, que, nem por
serem consequência da posição em que a sociedade o colocou, se tornam menos
repreensíveis. Mas, a sua responsabilidade é proporcionada aos meios de que ele
dispõe para compreender o bem e o mal. Assim, mais culpado é, aos olhos de
Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem
ignorante que se entrega aos seus instintos.
A ambição desvairada, o orgulho, o
egoísmo, entre outras paixões inferiores, podem levar o homem a destruir o seu
semelhante. Dizem os Espíritos Superiores que essa [...] necessidade
desaparece, entretanto, à medida que a alma se depura, passando de uma a outra
existência. Então, mais culpado é o homem, quando o pratica, porque melhor o
compreende 14. Essa compreensão se expressa, por exemplo, quando, nas situações
de legítima defesa, o agredido busca salvar a sua vida, ou, ainda, quando, nas
guerras, procede com sentimento de humanidade.
De toda forma, o mal recai sempre
sobre o seu causador. Aquele que induz o seu semelhante a praticar o mal pela
posição em que o coloca tem mais responsabilidade do que este último, porque
[...] cada um será punido, não só pelo mal que haja feito, mas também pelo mal
a que tenha dado lugar. De igual modo, aquele
que, embora não praticando o mal, se aproveita do mal praticado por outrem, é
tão culpado quanto este, uma vez que aproveitar [...] do mal é participar dele.
Talvez não fosse capaz de praticá-lo; mas, desde que, achando-o feito, dele
tira partido, é que o aprova; é que o
teria praticado, se pudera, ou se ousara.
Pode-se dizer que os [...] males de
toda espécie, físicos ou morais, que afligem a Humanidade, formam duas
categorias que importa distinguir: a dos males que o homem pode evitar e a dos
que lhe independem da vontade. Entre os últimos cumpre e incluam os flagelos
naturais.
Tendo o homem que progredir, os males
a que se acha exposto são um estimulante para o exercício da sua inteligência,
de todas as suas faculdades físicas e morais, incitando-o a procurar os meios
de evitá-los. Se ele nada houvesse de temer, nenhuma necessidade o induziria a
procurar o melhor; o espírito se lhe entorpeceria na inatividade; nada
inventaria, nem descobriria. A dor é o aguilhão que o impele para a frente, na
senda do progresso.
Porém, os males mais numerosos são os
que o homem cria pelos seus vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu
egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo. Aí a causa
das guerras e das calamidades que estas acarretam, das dissensões, das
injustiças, da opressão do fraco pelo forte, da maior parte, afinal, das enfermidades.
Deus promulgou leis plenas de
sabedoria, tendo por único objetivo o bem. Em si mesmo encontra o homem tudo o
que lhe é necessário para cumpri-las. A consciência lhe traça a rota, a lei
divina lhe está gravada no coração e, ao demais, Deus lhe lembra constantemente
por intermédio de seus messias e profetas, de todos os Espíritos encarnados que
trazem a missão de o esclarecer, moralizar e melhorar e, nestes últimos tempos,
pela multidão dos Espíritos desencarnados que se manifestam em toda parte. Se o
homem se conformasse rigorosamente com as leis divinas, não há duvidar de que
se pouparia aos mais agudos males e viveria ditoso na Terra. Se assim não
procede, é por virtude do seu livre-arbítrio: sofre então as consequências do
seu proceder.
Entretanto, Deus, todo bondade, pôs o
remédio ao lado do mal, isto é, faz que do próprio mal saia o remédio. Um
momento chega em que o excesso do mal moral se torna intolerável e impõe ao
homem a necessidade de mudar de vida. Instruído pela experiência, ele se sente
compelido a procurar no bem o remédio, sempre por efeito do seu livre-arbítrio.
Quando toma melhor caminho, é por sua vontade e porque reconheceu os
inconvenientes do outro. A necessidade, pois, o constrange a melhorar-se
moralmente, para ser mais feliz, do mesmo modo que o constrangeu a melhorar as
condições materiais da sua existência.
Pode dizer-se que o mal é a ausência
do bem, como o frio é a ausência do calor.
Assim como o frio não é um fluido
especial, também o mal não é atributo distinto; um é o negativo do outro. Onde
não existe o bem, forçosamente existe o mal. Não praticar o mal já é um
princípio do bem. Deus somente quer o bem; só do homem procede o mal. Se na
criação houvesse um ser preposto ao mal, ninguém o poderia evitar; mas, tendo o
homem a causa do mal em «si mesmo», tendo simultaneamente o livre-arbítrio e
por guia as leis divinas, evitá-lo-á sempre que o queira.
O mal não tem, pois, existência real,
não há mal absoluto no Universo, mas em toda a parte a realização vagarosa e
progressiva de um ideal superior; em toda a parte se exerce a ação de uma
força, de um poder, de uma coisa que, conquanto nos deixe livres, nos atrai e
arrasta para um estado melhor. Por toda a parte, a grande lida dos seres
trabalhando para desenvolver em si, à custa de imensos esforços, a sensibilidade,
o sentimento, a vontade, o amor!
Em suma, diremos que [...] o bem é o
único determinismo divino dentro do Universo, determinismo que absorve todas as
ações humanas, para as assinalar com o sinete da fraternidade, da experiência e
do amor.
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