Da indiferença à compaixão
A vida moderna se desenrola em um ritmo vertiginoso.
A todo instante, surgem novidades nos mais diversos setores do
conhecimento humano. As pessoas colecionam centenas de amigos virtuais, que
podem ser contatados sem sair de casa. Por força dessas inovações, as notícias
correm o mundo em questão de segundos. As novidades mórbidas é que costumam
empolgar as massas.

As notícias ruins inspiram o sentimento de ser necessário precaver-se
contra a exploração e o abuso. Para não sofrer, a criatura opta por anestesiar
seu sentir.
Se há muitos políticos corruptos, ela deixa de prestar atenção nas
ocorrências da vida pública do país. Como há bastante violência, procura nem
notar o que ocorre a sua volta. Por ser evidente a má fé de alguns, afasta-se
de muitos.
Contudo, esse distanciamento do semelhante é artificial e deletério.
O ser humano é gregário por natureza e precisa conviver para se sentir
pleno.
Sempre há o risco de se ferir e se decepcionar, sem que isso constitua
razão para abdicar da essência da vida.
Convém ser cauteloso, mas tal não pode significar renúncia ao contato
social.
Uma boa técnica para conviver de forma saudável em um mundo imperfeito
consiste na compaixão. Ela é um dos sentimentos humanos mais nobres e se expressa
como solidariedade. Implica participar do sofrimento do próximo, de forma
dinâmica.
Não se trata apenas de lamentar a dor alheia, de sofrer junto e nem de
considerá-lo um infeliz. Ser compassivo pressupõe tomar-se do ardente desejo de
auxiliar o semelhante a livrar-se do sofrimento.
Justamente por seu vigor, a compaixão inspira a adoção de medidas para
melhorar o mundo em que se vive. O compassivo não quer e nem consegue ser feliz
sozinho.
Ele não é um pessimista que acha que o mundo está perdido e nada resta
para fazer. Acredita no bem e ama o progresso e por isso age com firmeza.
Não violenta consciências, mas faz o que pode para que a Humanidade se
renove.
A compaixão é um sinal de sabedoria de quem compreende a fragilidade da
imensa maioria dos homens.
Entretanto, à semelhança do Cristo, não os despreza, mas os auxilia e
instrui.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita
O que é a compaixão?
15 - CONQUISTA DA COMPAIXÃO
"Exercita-te pessoalmente na piedade”.- PAULO. (I Timóteo,
4:7.).
Não se conhece Nenhuma conquista que chegasse ao espírito sem apoio na
prática.
Um grande intérprete da música não se manteria nessa definição,
sem longos exercícios
com base na disciplina.
Um campeão nas lides esportivas não consegue destacar-se
simplesmente sonhando com
vitórias.
Nos dons espirituais, os princípios que nos regem as aquisições
são os mesmos.
compreensão não vem a nós sem que façamos esforço para isso.
Aceitemos, assim, as nossas dificuldades por ocasiões preciosas de
ensino, sobretudo, no
relacionamento uns com os outros.
Nesse sentido, os que nos contrariam se nos mostram como sendo os
melhores instrutores.
Se alguém comete uma falta, reflitamos na doença mental que lhe
terá ditado o
comportamento.
Se um amigo nos abandona, imaginemos quanto haverá sofrido no
processo de
incompreensão que o levou a se afastar.
Pensa na insatisfação enfermiça dos que se fazem perseguidores ou
na dor dos que se
entregam a esse ou àquele tipo de culpa.
Compaixão é a porta que se nos abre no sentimento para a luz do
verdadeiro amor,
entretanto, notemos: ninguém adquire a piedade sem construí-la.
E a Piedade?
A piedade é a virtude que mais vos aproxima dos anjos; é a irmã
a caridade, que vos conduz a Deus. Ah! deixai que o vosso coração sed
enterneça ante o espetáculo das misérias e dos sofrimentos dos vossos
semelhantes.
A piedade, a piedade bem sentida é amor; amor é devotamento; devotamento
é o olvido de si mesmo e esse olvido, essa abnegação em favor dos desgraçados,
é a virtude por excelência, a que
em toda a sua vida praticou o divino Messias e ensinou na sua doutrina
tão santa e tão sublime.
vós o egoísmo e o orgulho, aquele que dispõe vossa alma à humildade, à
beneficência e ao amor do próximo, é a piedade! piedade que vos comove
até as entranhas à vista dos sofrimentos de vossos irmãos, que vos
impele
a lhes estender a mão para socorrê-los e vos arranca lágrimas de
simpatia.
Quão longe, no entanto, se acha a
piedade de causar o distúrbio e o aborrecimento de que se arreceia o egoísta!
Sem dúvida, ao contato da desgraça de outrem, a alma, voltando-se para si
mesma, experimenta um confrangimento natural e profundo, que põe em vibração
todo o ser e o abala penosamente. Grande, porém, é a compensação, quando
chegais a dar coragem e esperança a um irmão infeliz que se enternece ao aperto
de uma mão amiga e cujo olhar, úmido, por vezes, de emoção e de reconhecimento,
para vós se dirige docemente, antes de se fixar no Céu em agradecimento por lhe
ter enviado um consolador, um amparo. A piedade é o melancólico, mas celeste
precursor da caridade, primeira das virtudes que a tem por irmã e cujos
benefícios ela prepara e enobrece. – Miguel. (Bordeaux, 1862.)
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