quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS SOBRE OS NOSSOS PENSAMENTOS

Boa tarde amigos! no dia 16 de Setembro de 2014, iniciamos o estudo do abaixo proposto com o nosso grupo de estudos de iniciantes.



A influência dos Espíritos sobre os nossos pensamentos e atos é tão grande que, de ordinário,
são eles que nos dirigem. (02) Esta influência pode ser boa ou má, oculta ou ostensiva,
fugaz ou duradoura. Em qualquer situação, fica claro que a influenciação se concretiza
através da sintonia que se estabelece.
É conveniente recordar que “(...) pensar é vibrar, é entrar em relação com o universo
espiritual que nos envolve, e, conforme a espécie das emissões mentais de cada ser, elementos
similares se lhe imanizarão, acentuando-lhes as disposições e cooperando com ele em
seus esforços ascensionais ou em suas quedas e deslizes. (...)” (07)
Não podemos descuidar da nossa casa mental e seguir, vida a fora, arrastados pela ação
maléfica dos Espíritos atrasados. “Os Espíritos infelizes, de mente ultrajada, vivem mais
com os companheiros encarnados do que se supõe. Misturam-se nas atividades comuns, perambulam
no ninho doméstico, participam das conversações, seguem com os comensais, de
quem dependem, em processo legítimo de vampirização...
Perturbam-se e perturbam.
Sofrem e fazem sofrer.
Odeiam e geram ódios.
Amesquinhados em si mesmos, amesquinham os outros.
Infelicitados, infelicitam.”. (08)
Já a ação dos Espíritos Superiores é outra. “Os bons Espíritos só para o bem aconselham.
(...)” (05) “(...) suscitam bons pensamentos, desviam os homens da senda do mal, protegem
na vida os que se lhes mostram dignos de proteção e neutralizam a influência dos Espíritos
imperfeitos sobre aqueles a quem não é grato sofrê-la. (...)”. (01)
Tomando consciência de que “(...) o pensamento exterioriza-se e projeta-se, formando
imagens e sugestões que arremessa sobre os objetivos que se propõe atingir (...)” (09), nada
mais natural que se consiga harmonia e felicidade, quando a emissão mental for equilibrada
e edificante; ou, aflição e quedas morais, se o pensamento for desequilibrado e doentio. “(...)
A química mental vive na base de todas as transformações, porque realmente evoluímos em
profunda comunhão telepática com todos aqueles encarnados ou desencarnados que se afinam
conosco.(...)”. (09)
Podemos neutralizar a influência dos maus Espíritos, “(...) praticando o bem e pondo
em Deus toda a (...) confiança (...)” (06) e procurando repelir as sugestões inferiores e não
atender aos maus pensamentos que geram a discórdia, as lutas anti-fraternas, o ciúme, a inveja
e a exaltação do orgulho.
À medida que se perseverar no propósito firme de melhoria, através de desligamento
do mal, a influência provocada pelas entidades inferiores dará lugar aos conselhos e sugestões
edificantes dos benfeitores espirituais.
Pelo que foi dito, ficou patenteada a ação que os Espíritos exercem uns sobre os outros,
sobretudo entre desencarnados e encarnados, estabelecendo-se, assim, uma reciprocidade
constante de intercâmbio. Daí, ser difícil, senão impossível, em determinadas ocasiões,
distinguir um pensamento próprio de um que nos é sugerido. “(...) Geralmente, os pensamentos
próprios são os que acodem em primeiro lugar. (...)” (03) È o que consta na pergunta 461
de O Livro dos Espíritos; porém nesta mesma pergunta os Espíritos dizem não ser de grande
interesse estabelecer a distinção entre um pensamento próprio e um sugerido, acrescentando
até, que em muitas ocasiões, é útil que não saibamos distinguir. (03)
Foi, evidentemente, compreendendo o valor desta questão que Kardec conclui:
“(...) se fora útil que pudéssemos distinguir claramente os nossos pensamentos próprios dos
que nos são sugeridos, Deus nos houvera proporcionado os meios de o conseguirmos, como
nos concedeu o de diferençarmos o dia da noite. Quando uma coisa se conserva imprecisa, é
que convém assim aconteça.” (03)
INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPORAL
Caso 1
Quando reencontrei o meu amigo Custódio Saquarema na Vida Espiritual, depois da
efusão afetiva de companheiros separados desde muito, a conversa se dirigiu naturalmente
para comentários em torno da nova situação.
Sabia Custódio pertencente a família espírita e, decerto, nessa condição, teria ele retirado
o máximo de vantagens da existência que vinha de largar. Pensando nisso, arrisquei uma
pergunta, na expectativa de sabê-lo com excelente bagagem para o ingresso em estâncias
superiores. Saquarema, contudo, sorriu, de modo vago, e informou com a fina autocrítica
que eu lhe conhecia no mundo:
— Ora, meu caro, você não avalia o que seja uma obsessão disfarçada, sem qualquer
mostra exterior. A Terra me devolveu para cá, na velha base do ganhou mas não leva. Ajuntei
muita consideração e muito dinheiro; no entanto, retorno muito mais pobre do que quando
parti, no rumo da reencarnação...
Percebendo que não me dispunha a interrompê-lo, continuou:
— Você não ignora que renasci num lar espírita, mas, como sucede à maioria dos reencarnados,
trazia comigo, jungidos ao meu clima psíquico, alguns sócios de vícios e extravagâncias
do passado, que, sem o veículo de carne, se valiam de mim para se vincularem às
sensações do plano terrestre, qual se eu fora uma vaca, habilitada a cooperar na alimentação
e condução de pequena família... Creia que, de minha parte, havia retomado a charrua física,
levando excelente programa de trabalho que, se atendido, me asseguraria precioso avanço
para as vanguardas da luz. Entretanto, meus vampirizadores, ardilosos e inteligentes, agiam à
socapa, sem que eu, nem de leve, lhes pressentisse a influência... E sabe como?
— Através de simples considerações íntimas — prosseguiu Saquarema, desapontado.
— Tão logo me vi saído da adolescência, com boa dose de raciocínios lógicos na cabeça,
os instrutores amigos me exortaram, por meus pais, a cultivar o reino do espírito, referindo-
se a estudo, abnegação, aprimoramento, mas, dentro de mim, as vozes de meus acompanhantes
surgiam da mente, como fios d’água fluindo de minadouro, propiciando-me a falsa
idéia de que eu falava comigo mesmo: “Coisas da alma, Custódio? Nada disso. A sua hora
é de juventude, alegria, sol... Deixe a filosofia para depois...” Decorrido algum tempo, bacharelei-
me. As advertências do lar se fizeram mais altas, conclamando-me ao dever; entretanto,
os meus seguidores, até então invisíveis para mim, revidavam também com a zombaria
inarticulada: “Agora? Não é ocasião oportuna. De que maneira harmonizar a carreira iniciante
com assuntos de religião? Custódio, Custódio!... Observe o critério das maiorias, não se
faça de louco!.. .“Casei-me e, logo após os chamados à espiritualização recrudesceram em
torno de mim. Meus solertes exploradores, porém, comentaram, vivazes: “Não ceda. Custódio!
E as responsabilidades de família? É preciso trabalhar, ganhar dinheiro, obter posição,
zelar por mulher e filhos...”
A morte subtraiu-me os pais e eu, advogado e financista, já na idade madura, ainda ouvia
os Bons Espíritos, por intermédio de companheiros dedicados, requisitando-me à elevação
moral pela execução dos compromissos assumidos; todavia, na casa interna se empoleiravam
os argumentos de meus obsessores inflexíveis: “Custódio, você tem mais quefazeres...
Como diminuir os negócios? E a vida social? Pense na vida social... Você não está preparado
para seara de fé...” Em seguida, meu amigo, chegaram a velhice e a doença, essas duas enfermeiras
da alma, que vivem de mãos dadas na Terra. Passei a sofrer e desencantar-me. Alguns
raros visitantes de minha senectude, transmitindo-me os derradeiros convites da Espiritualidade
Maior, insistiam comigo, esperando que eu me consagrasse às coisas sagradas da
alma; no entanto, dessa vez, os gritos de meus antigos vampirizadores se altearam, mais irônicos,
assoprando-me sarcasmo, qual se fora eu mesmo a ridicularizar-me: ‘Você, velho
Custódio?! Que vai fazer você com Espiritismo? É tarde demais... Profissão de fé, mensagens
de outro mundo... Que se dirá de você, meu velho? Seus melhores amigos falarão em
loucura, senilidade... Não tenha dúvida... Seus próprios filhos interditarão você, como sendo
um doente mental, inapto à regência de qualquer interesse econômico... Você não está mais
no tempo disso...”
Saquarema endereçou-me significativo olhar e rematou:
— Os meus perseguidores não me seviciaram o corpo, nem me conturbaram a mente.
Acalentaram apenas o meu comodismo e, com isso, me impediram qualquer passo renovador.
Volto da Terra, meu caro, imitando o lavrador endividado e de mãos vazias que regressa
de um campo fértil, onde poderia ter amealhado inimagináveis tesouros... Sei que você ainda
escreve para os homens, nossos irmãos. Conte-lhes minha pobre experiência, refira-se, junto
deles, à obsessão pacífica, perigosa, mascarada... Diga-lhes alguma coisa acerca do valor do
tempo, da grandeza potencial de qualquer tempo na romagem humana!...
Abracei Saquarema, de esperança voltada para tempos novos, prometendo atender-lhe
a solicitação. E aqui lhe transcrevo o ensinamento pessoal, que poderá servir a muita gente,
embora guarde a certeza de que, se eu andasse agora reencarnado na Terra e recebesse de
alguém semelhante lição, talvez estivesse muito pouco inclinado a aproveitá-la.
Caso 2
Marques, o ex-presidente do templo espírita, falava ao companheiro:
— Teremos assembléia geral depois de amanhã e estou colecionando os documentos.
Veremos quem pode mais. Desmoralizarei os mandriões.
E Osório, o amigo fiel, ponderava:
— Mais calma. O senhor foi presidente por muitos anos. Sempre respeitado. Sempre
querido. Recordemos nossas reuniões. Nosso Dias da Cruz, que o senhor conheceu tão bem,
quando neste mundo, prometeu ajudá-lo até ao fim...
— Sei que estou protegido — dizia Marques, beliscando, nervoso, a barba branca —,
mas vou colocar a coisa em pratos limpos. A diretoria foi tomada de assalto. É muita gente
querendo transformar a casa em gamela gorda. — Marques, a ironia é veneno.
— Tenho fotocópias, retratos, informações e muito papel importante para mostrar o
passado desses oportunistas. Todo o material será exibido na assembléia. Alguns desses
companheiros transviados são passíveis de xadrez.
— Medite, Marques, medite! — pedia Osório. — O que passou, passou... Agitar o fundo
de um poço é fazer lama. Ore. Peça o amparo do Alto.
E, a convite do amigo, os dois se puseram em prece, rogando proteção espiritual.
Em seguida, tornaram à casa de Marques, onde Osório observaria como adoçar o calhamaço.
Ao procurar o libelo escrito, o dono da casa ouviu da arrumadeira, que entrara na véspera,
a estranha explicação:
— Senhor Marques, todos os papéis que o senhor deixou espalhados nas cadeiras, com
retratos e jornais velhos, eu entreguei ao lixeiro, quando o caminhão da Prefeitura por aqui
passou.
— Mas Deus! — gritou o velhinho, entrelaçando as mãos na cabeça, ante Osório sorridente
— era serviço de oito meses!
E a jovem inexperiente replicou, sem saber que fazia a definição moral:
— Mas era muita sujeira!... * *
CASO 03
Centralizando-se a palestra no estudo das tentações, contou Jesus, sorridente:
— Um valoroso servidor do Pai movimentava-se, galhardamente, em populosa cidade
de pecadores, com tamanho devotamento à fé e à caridade, que os Espíritos do Mal se impacientaram
em contemplando tanta abnegação e desprendimento. Depois de lhe armarem os
mais perigosos laços, sem resultado, enviaram um representante ao Gênio das Trevas, a fim
de ouvi-lo a respeito.
Um companheiro de consciência enrijecida recebeu a incumbência e partiu.
O Grande Adversário escutou o caso, atenciosamente, e recomendou ao Diabo Menor
que apresentasse sugestões.
O subordinado falou, com ênfase:
— Não poderíamos despojá-lo de todos os bens?
— Isto, não — disse o perverso orientador —; para um servo dessa têmpera, a perda
dos recursos materiais é libertação. Encontraria, assim, mil meios diferentes para aumentar
suas contribuições à Humanidade.
— Então, castigar-lhe-emos a família, dispersando-a e constrangendo-lhe os filhos a
enchê-lo de opróbrio e ingratidão... — aventou o pequeno perturbador, reticencioso.
O perseguidor maior, no entanto, emitiu gargalhada franca e objetou:
— Não vês que, desse modo, se integraria facilmente com a família total que é a multidão?
O embaixador, desapontado, acentuou:
— Será talvez conveniente lhe flagelemos o corpo; crivá-lo-emos de feridas e aflições.
— Nada disso — acrescentou o gênio satânico —, ele acharia meios de afervorar-se na
confiança e aproveitaria o ensejo para provocar a renovação íntima de muita gente, pelo
exercício da paciência e da serenidade na dor.
— Movimentaremos a calúnia, a suspeita e o ódio gratuito dos outros contra ele.
— clamou o emissário.
— Para quê? — tornou o Espírito das Sombras. — Transformar-se-ia num mártir, redentor
de muitos. Valer-se-á de toda perseguição para melhor engrandecer-se, diante do Céu.
Exasperado, agora, o demônio menor aduziu:
— Será, enfim, mais aconselhável que o assassinemos sem piedade...
— Que dizes? — redargüiu a Inteligência perversa. — A morte ser-lhe-ia a mais doce
bênção, por conduzi-lo às claridades do Paraíso.
E vendo que o aprendiz vencido se calava, humilde, o Adversário Maior fez expressivo
movimento de olhos e aconselhou, loquaz:
— Não sejas tolo. Volta e dize a esse homem que ele é um zero na Criação, que não
passa de mesquinho verme desconhecido... Impõe-lhe o conhecimento da própria pequenez,
a fim de que jamais se engrandeça, e verás...
O enviado regressou satisfeito e pôs em prática o método recebido.
Rodeou o valente servidor com pensamentos de desvalia, acerca de sua pretendida insignificância,
e desfechou-lhe perguntas mentais como estas: “como te atreves a admitir algum
valor em tuas obras destinadas ao pó? Não te sentes simples joguete de paixões inferiores
da carne? Não te envergonhas da animalidade que trazes no ser? Que pode um grão de
areia perdido no deserto? Não te reconheces na posição de obscuro fragmento de lama?”
O valoroso colaborador interrompeu as atividades que lhe diziam respeito e, depois de
escutar longamente as perigosas insinuações, olvidou que a oliveira frondosa começa no grelo
frágil, e deitou-se, desalentado, no leito do desânimo e da humilhação para despertar somente
na hora em que a morte lhe descortinava o infinito da vida.
Silenciou Jesus, contemplando a noite calma...
Simão Pedro pronunciou uma prece sentida e os apóstolos, em companhia dos demais,
se despediram, nessa noite, cismarentos e espantadiços.
NEIO LÚCIO


FONTES DE CONSULTA
01 - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. de Guillon Ribeiro. 75. ed. Rio de Janeiro,
FEB, 1994. Perg. 107, pág. 92.
02 - Perg. 459. pág 246.
03 - Perg. 461, pág 246.
04 - Perg. 462, pág 247.
05 - Perg. 464, pág 247.
06 - Perg. 469, pág. 248-249.
07 - CALLIGARIS, Rodolfo. Somos o Que Pensamos. In: _ . Paginas de Espiritismo Cristão.
4. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1993, pág. 170.
08 - FRANCO, Divaldo Pereira. Perturbadores. In: _. Glossário Espírita Cristão. 3. ed. Salvador
BA, LEAL, 1976. p. 106.
09 - XAVIER, Francisco Cândido. Dominação Telepática. In:! . Nos domínios da Mediunidade.
Ditado pelo Espírito André Luiz. 21. Ed. , Rio de Janeiro, FEB, 1993. pág. 186.
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