Boa tarde queridos companheiros! No dia 13 de maio de 2014, dando continuidade ao tema Lei de Adoração, foi abordado com o grupo de intermediários o tem Prece, compartilhamos com todos os textos que foram estudados.
1.
Conceito de prece
O Espírito Manod, em
mensagem existente em O Evangelho segundo o Espiritismo, afirma: O dever
primordial de toda criatura humana, o primeiro ato que deve assinalar a sua
volta à vida ativa de cada dia, é a prece. Quase todos vós orais, mas quão
poucos são os que sabem orar! Que importam ao Senhor as frases que
maquinalmente articulais umas às outras, fazendo disso um hábito, um dever que
cumpris e que vos pesa como qualquer dever? A prece do cristão, do espírita,
seja qual for o seu culto, deve ele dizê-la logo que o Espírito haja retomado o
jugo da carne; deve elevar-se aos pés da Majestade Divina com humildade, com
profundeza, num ímpeto de reconhecimento por todos os benefícios recebidos até
àquele dia; pela noite transcorrida e durante a qual lhe foi permitido, ainda
que sem consciência disso, ir ter com os seus amigos, com os seus guias, para
haurir, no contato com eles, mais força e perseverança.
Deve ela subir humilde aos
pés do Senhor, para lhe recomendar a vossa fraqueza, para lhe suplicar amparo,
indulgência e misericórdia. Deve ser profunda, porquanto é a vossa alma que tem
de elevar-se para o Criador, de transfigurar-se, como Jesus no Tabor, a fim de
lá chegar nívea e radiosa de esperança e de amor. A prece é um ato de adoração.
É [...] uma invocação, mediante a qual o homem entra, pelo pensamento, em
comunicação com o ser a quem se dirige [...]. Podemos orar por nós mesmos ou
por outrem, pelos vivos ou pelos mortos. As preces feitas a Deus escutam-nas os
Espíritos incumbidos da execução de suas vontades; as que se dirigem aos bons Espíritos
são reportadas a Deus. Quando alguém ora a outros seres que não a Deus, fá-lo
recorrendo a intermediários, a intercessores, porquanto nada sucede sem a
vontade de Deus.
É ainda o Espírito Manod
que nos aconselha: Deveis orar incessantemente, sem que, para isso, se faça
mister vos recolhais ao vosso oratório, ou vos lanceis de joelhos nas praças
públicas. A prece do dia é o cumprimento dos vossos deveres, sem exceção de
nenhum, qualquer que seja a natureza deles. Não é ato de amor a Deus
assistirdes os vossos irmãos numa necessidade, moral ou física? Não é ato de
reconhecimento o elevardes a ele o vosso pensamento, quando uma felicidade vos
advém, quando evitais um acidente, quando mesmo uma simples contrariedade
apenas vos roça a alma, desde que vos não esqueçais de exclamar:
Sede bendito, meu Pai?!
Não é ato de contrição o vos humilhardes diante do supremo Juiz, quando sentis
que falistes, ainda que somente por um
pensamento fugaz, para lhe dizerdes: Perdoai-me, meu Deus, pois pequei
(por orgulho, por egoísmo, ou por falta de caridade); dai-me forças para não
falir de novo e coragem para a reparação da minha falta?! Isso independe das
preces regulares da manhã e da noite e dos dias consagrados. Como o vedes, a
prece pode ser de todos os instantes, sem nenhuma interrupção acarretar aos
vossos trabalhos.
Léon Denis analisa que a
[...] prece deve ser uma expansão íntima da alma para com Deus, um colóquio
solitário, uma meditação sempre útil, muitas vezes fecunda. É, por excelência,
o refúgio dos aflitos, dos corações magoados. Nas horas de acabrunhamento, de
pesar íntimo e de desespero, quem não achou na prece a calma, o reconforto e o
alívio a seus males? Um diálogo misterioso se estabelece entre a alma sofredora
e a potência evocada. A alma expõe suas angústias, seus desânimos; implora
socorro, apoio, indulgência. E, então, no santuário da consciência, uma voz
secreta responde: É a voz dAquele donde dimana toda a força para as lutas deste
mundo, todo o bálsamo para as nossas feridas, toda a luz para as nossas
incertezas.
E essa voz consola,
reanima, persuade; traz-nos a coragem, a submissão, a resignação estoicas. E,
então, erguemo-nos menos tristes, menos atormentados; um raio de sol divino
luziu em nossa alma, fez despontar nela a esperança.
É importante destacar que
o Pai Nosso, oração ensinada por Jesus (Mateus,
6:9-13), contém os três
pontos considerados objeto da prece: um pedido, um
agradecimento, ou uma
glorificação 9. O Pai Nosso representa [...] o mais perfeito modelo de
concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade na simplicidade. Com efeito, sob
a mais singela forma, ela resume todos os deveres do homem para com Deus, para
consigo mesmo e para com o próximo. Encerra uma profissão de fé, um ato de
adoração e de submissão; o pedido das coisas necessárias à vida e o princípio
da caridade. Quem a diga, em intenção de alguém, pede para este o que pediria
para si. Contudo, em virtude mesmo da sua brevidade, o sentido profundo que encerram
as poucas palavras de que ela se compõe escapa à maioria das pessoas. Daí vem o
dizerem-na, geralmente,
sem que os pensamentos se detenham sobre as aplicações de cada uma de suas
partes.
Os Espíritos Superiores
nos esclarecem a respeito da forma correta de agir
quanto às petições que
fazemos durante as nossas preces: A vossa prece deve conter o pedido das graças
de que necessitais, mas de que necessitais em realidade. Inútil, portanto,
pedir ao Senhor que vos abrevie as provas, que vos dê alegrias e riquezas.
Rogai-lhe que vos conceda os bens mais preciosos da paciência, da resignação e
da fé. Não digais, como o fazem muitos: «Não vale a pena orar, porquanto Deus
não me atende.» Que é o que, na maioria dos casos, pedis a Deus? Já vos tendes
lembrado de pedir-lhe a vossa melhoria moral? Oh! Não; bem poucas vezes o
tendes feito. O que preferentemente vos lembrais de pedir é o bom êxito para os
vossos empreendimentos terrenos e haveis com frequência exclamado: «Deus não se
ocupa conosco; se se ocupasse, não se verificariam tantas injustiças.»
Insensatos! Ingratos! Se descêsseis ao fundo da vossa consciência, quase sempre
depararíeis, em vós mesmos, com o ponto de partida dos males de que vos
queixais. Pedi, pois, antes de tudo, que vos possais melhorar e vereis que
torrente de graças e de consolações se derramará sobre vós.
2.
Importância da prece
A prece se reveste de
importância capital em qualquer situação. Pela prece, obtém o homem o concurso
dos bons Espíritos que acorrem a sustentá-lo em suas boas resoluções e a
inspirar-lhe ideias sãs. Ele adquire, desse modo, a força moral necessária a
vencer as dificuldades e a volver ao caminho reto, se deste se afastou. Por
esse meio, pode também desviar de si os males que atrairia pelas suas próprias
faltas. Um homem, por exemplo, vê arruinada a sua saúde, em consequência de
excessos a que se entregou, e arrasta, até o termo de seus dias, uma vida de
sofrimento:
terá ele o direito de queixar-se,
se não obtiver a cura que deseja? Não, pois que houvera podido encontrar na
prece a força de resistir às tentações.
Admitamos, entretanto, que
o homem nada possa fazer para evitar a ocorrência de certos males da vida,
males que não se encontram relacionados à imprevidência ou aos excessos
humanos. Nessa situação, em especial, [...] facilmente se concebe a ação da
prece, visto ter por efeito atrair a salutar inspiração dos Espíritos bons,
granjear deles força para resistir aos maus pensamentos, cuja realização nos
pode ser funesta. Nesse caso, o que eles fazem não é afastar de nós o mal,
porém, sim, desviar-nos a nós do mau pensamento que nos pode causar dano; eles
em nada obstam ao cumprimento dos decretos de Deus, nem suspendem o curso das leis
da Natureza; apenas evitam que as infrinjamos, dirigindo o nosso
livre-arbítrio.
Agem, contudo, à nossa
revelia, de maneira imperceptível, para nos não subjugar a vontade. O homem se
acha então na posição de um que solicita bons conselhos e os põe em prática,
mas conservando a liberdade de segui-los, ou não. Quer Deus que seja assim,
para que aquele tenha a responsabilidade dos seus atos e o mérito da escolha
entre o bem e o mal. É isso o que o homem pode estar sempre certo de receber,
se o pedir com fervor, sendo, pois, a isso que se podem sobretudo aplicar estas
palavras: «Pedi e obtereis».
A prece [...] é sempre um
atestado de boa vontade e compreensão, no testemunho da nossa condição de
Espíritos devedores... Sem dúvida, não poderá modificar o curso das leis,
diante das quais nos fazemos réus sujeitos a penas múltiplas, mas renova-nos o
modo de ser, valendo não só como abençoada plantação de solidariedade em nosso
benefício, mas também como vacina contra a reincidência no mal. Além disso, a
prece faculta-nos a aproximação com os grandes benfeitores que nos presidem os
passos,
auxiliando-nos a
organização de novo roteiro para a caminhada segura.
Em qualquer situação, a
prece não deve traduzir-se como [...] movimento mecânico de lábios, nem disco
de fácil repetição no aparelho da mente. É vibração, energia, poder. A criatura
que ora, mobilizando as próprias forças, realiza trabalhos de inexprimível
significação. Semelhante estado psíquico descortina forças ignoradas, revela a
nossa origem divina e coloca-nos em contato com as fontes superiores. Dentro
dessa realização, o Espírito, em qualquer forma, pode emitir raios de espantoso
poder.
A oração é divina voz do
espírito no grande silêncio. Nem sempre se caracteriza por sons articulados na
conceituação verbal, mas, invariavelmente, é prodigioso poder espiritual
comunicando emoções e pensamentos, imagens e ideias, desfazendo empecilhos,
limpando estradas, reformando concepções e melhorando o quadro mental em que
nos cabe cumprir a tarefa a que o Pai nos convoca.
A importância da prece é
facilmente evidenciada quando aprendemos a fazer distinções entre rezar e orar.
Rezar é repetir palavras segundo fórmulas determinadas.
É produzir eco que a brisa
dissipa, como sucede à voz do sino que no espaço se espraia e morre. Orar é
sentir. O sentimento é intraduzível. Não há palavra que o defina com absoluta
precisão. O mais rico vocabulário do mundo é pobre para traduzir a grandeza de
um sentimento. Não há fórmula que o contenha, não há molde que o guarde, não há
modelo que o plasme. [...] Orar é irradiar para Deus, firmando desse modo nossa
comunhão com Ele. A oração é o poder dos fiéis.
Os crentes oram. Os
impostores e os supersticiosos rezam. Os crentes oram a Deus. Os hipócritas,
quando rezam, dirigem-se à sociedade em cujo meio vivem. Difícil é
compreender-se o crente em seus colóquios com a Divindade. Os fariseus rezavam
em público para serem vistos, admirados, louvados.
3.
Eficácia e ação da prece
Há quem conteste a eficácia
da prece, com fundamento no princípio de que, conhecendo Deus as nossas
necessidades, inútil se torna expor-lhas. E acrescentam os que assim pensam
que, achando-se tudo no Universo encadeado por leis eternas, não podem as
nossas súplicas mudar os decretos de Deus. Sem dúvida alguma, há leis naturais
e imutáveis que não podem ser ab-rogadas ao capricho de cada um; mas, daí a
crer-se que todas as circunstâncias da vida estão submetidas à fatalidade, vai
grande distância. Se assim fosse, nada mais seria o homem do que instrumento
passivo, sem livre-arbítrio e sem iniciativa. Nessa hipótese, só lhe caberia
curvar a cabeça ao jugo dos acontecimentos, sem cogitar de evitá-los; não
devera ter procurado desviar o raio. Deus não lhe outorgou a razão e a inteligência,
para que ele as deixasse sem serventia; a vontade, para não querer; a
atividade, para ficar inativo.
Sendo livre o homem de
agir num sentido ou noutro, seus atos lhe acarretam, e aos demais, consequências
subordinadas ao que ele faz ou não. Há, pois, devidos à sua iniciativa,
sucessos que forçosamente escapam à fatalidade e que não quebram a harmonia das
leis universais, do mesmo modo que o avanço ou o atraso do ponteiro de um
relógio não anula a lei do movimento sobre a qual se funda o mecanismo.
Possível é, portanto, que
Deus aceda a certos pedidos, sem perturbar a imutabilidade das leis que regem o
conjunto, subordinada sempre essa anuência à sua vontade. Percebe-se a eficácia
e a ação da prece nos efeitos ou resultados obtidos.
Os [...] raios divinos,
expedidos pela oração santificadora, convertem-se em fatores adiantados de
cooperação eficiente e definitiva na cura do corpo, na renovação da alma e
iluminação da consciência. Toda prece elevada é manancial de magnetismo criador
e vivificante e toda criatura que cultiva a oração, com o devido equilíbrio do
sentimento, transforma-se, gradativamente, em foco irradiante de energias da
Divindade.
O [...] trabalho da prece
é mais importante do que se pode imaginar no círculo
dos encarnados. Não há
prece sem resposta. E a oração, filha do amor, não é
apenas súplica. É comunhão
entre o Criador e a criatura, constituindo, assim, o
mais poderoso influxo
magnético que conhecemos. Acresce notar, porém, [...] que a rogativa maléfica
conta, igualmente, com enorme potencial de influenciação. Toda vez que o
Espírito se coloca nessa atitude mental, estabelece um laço de correspondência entre
ele e o Além. Se a oração traduz atividade no bem divino, venha de donde vier, encaminhar-se-á
para o Além em sentido vertical, buscando as bênçãos da vida superior,
cumprindo-nos advertir que os maus respondem aos maus nos planos inferiores,
entrelaçando-se mentalmente uns com os outros. É razoável, porém, destacar que
toda prece impessoal dirigida às Forças Supremas do Bem, delas recebe resposta
imediata, em nome de Deus. Sobre os que oram nessas tarefas benditas,
fluem, das esferas mais
altas, os elementos-força que vitalizam nosso mundo
interior, edificando-nos
as esperanças divinas, e se exteriorizam, em seguida, contagiados de nosso
magnetismo pessoal, no intenso desejo de servir com o Senhor.
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