1. O Evangelho no lar é um ato de adoração a Deus
Os
Espíritos Superiores nos esclarecem que a [...] prece
é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar nele; é aproximar-se dele; é pôrse em
comunicação com ele.
Toda
vez que se ora num lar, prepara-se a melhoria do ambiente doméstico. Cada prece
do coração constitui emissão eletromagnética de relativo poder. Por isso mesmo,
o culto familiar do Evangelho não é tão-só um curso de iluminação interior, mas
também processo avançado de defesa exterior, pelas claridades espirituais que
acende em torno. O homem que ora traz consigo inalienável couraça.
O
lar que cultiva a prece transformase em fortaleza [...]
10.
Sendo
assim, a reunião ou culto do Evangelho no lar é uma [...] reunião da família em dia e hora certos, para estudo do Evangelho e
oração em conjunto 3. Podemos dizer, em outras
palavras, que é uma reunião familiar de estudo e reflexão dos ensinamentos
de
Jesus, interpretados à luz da Doutrina Espírita, na qual se utiliza a prece
como instrumento de ligação com o Senhor da Vida.
Nós,
espíritas, entendemos que o [...] lar não é somente a moradia dos
corpos, mas, acima de tudo, a residência das almas. O santuário doméstico que
encontre criaturas amantes da oração e dos sentimentos elevados converte-se em
campo sublime das mais belas florações e colheitas espirituais 9.
O
Evangelho no lar é também considerado um ato de adoração a Deus porque não
[...] há serviço da fé viva, sem aquiescência e concurso do
coração. Se possível, continuemos trabalhando sob a tormenta, removendo os
espinheiros da discórdia ou transformando as pedras do mal em flores de
compreensão, suportando, com heroísmo, o clima de sacrifício, mas, se a
ventania nos compele a pausas de repouso, não admitamos o bolor do desânimo nos
serviços iniciados. Sustentemos em casa a chama de nossa esperança, estudando a
Revelação Divina; praticando a fraternidade e crescendo em amor e sabedoria, porque
segundo a promessa do Evangelho Redentor, «onde estiverem dois ou três corações
reunidos em Seu nome» aí estará Jesus, amparando-nos para a ascensão à Luz
Celestial, hoje, amanhã e sempre 7.
O
estudo do Evangelho no lar sob a orientação da verdade espírita conduz-
nos
ao entendimento da Lei de Deus porque Jesus não veio destruir a lei,
isto é, a lei de Deus; veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la, dar-lhe o
verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens. Por isso é
que se nos depara, nessa lei, os princípios dos deveres para com Deus e para
com o próximo, base da sua doutrina. [...] Combatendo
constantemente o abuso das práticas exteriores e das falsas interpretações, por
mais radical reforma não podia fazê-la passar, do que as reduzindo a esta
última prescrição: «Amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a si
mesmo», e acrescentando: aí estão todas as leis e os profetas 1.
2. Importância do Evangelho no lar
A
seguinte mensagem do Espírito Emmanuel destaca, de forma clara e inequívoca,
a
importância do Evangelho no lar.
O
culto do Evangelho no lar não é uma inovação. É uma necessidade em toda parte
onde o Cristianismo lance raízes de aperfeiçoamento e sublimação. A Boa Nova
seguiu da Manjedoura para a praças públicas e avançou da casa humilde de Simão
Pedro para a glorificação no Pentecostes. A palavra do Senhor soou,
primeiramente,
sob
o teto simples de Nazaré e, certo, se fará ouvir, de novo, por nosso intermédio,
antes de tudo, no círculo dos nossos familiares e afeiçoados, com os quais devemos
atender às obrigações que nos competem no tempo. Quando o ensinamento do Mestre
vibre entre as quatro paredes de um templo doméstico, os pequeninos sacrifícios
tecem a felicidade comum.
A
observação impensada é ouvida sem revolta.
A
calúnia é isolada no algodão do silêncio.
A
enfermidade é recebida com calma.
O
erro alheio encontra compaixão.
A
maldade não encontra brechas para insinuar-se.
E
aí, dentro desse paraíso que alguns já estão edificando, a benefício deles e dos
outros, o estímulo é um cântico de solidariedade incessante, a bondade é uma fonte
inexaurível de paz e entendimento, a gentileza é inspiração de todas as horas, o
sorriso é a sombra de cada um e a palavra permanece revestida de luz, vinculada
ao amor que o Amigo Celeste nos legou.
Somente
depois da experiência evangélica do lar, o coração está realmente habilitado
para distribuir o pão divino da Boa-Nova, junto da multidão, embora devamos o
esclarecimento amigo e o conselho santificante aos companheiros da romagem humana,
em todas as circunstâncias.
Não
olvidemos, assim, os impositivos da aplicação com o Cristo, no santuário familiar,
onde nos cabe o exemplo de paciência, compreensão, fraternidade, serviço, fé e
bom ânimo, sob o reinado legítimo do amor, porque, estudando a Palavra do Céu
em quatro Evangelhos, que constituem o Testamento da Luz, somos, cada um de
nós, o quinto Evangelho inacabado, mas vivo e atuante, que estamos escrevendo com
os próprios testemunhos, a fim de que a nossa vida seja uma revelação de Jesus,
aberta ao olhar e à apreciação de todos, sem necessidade de utilizarmos muitas
palavras na advertência ou na pregação 6.
Os
espíritas, em geral, e os participantes de grupos mediúnicos, em particular, precisam
[...] compreender a necessidade do culto do Evangelho no
lar. Pelo menos, semanalmente, é aconselhável se reúna com os familiares ou com
alguns parentes, capazes de entender a importância da iniciativa, em torno dos
estudos da Doutrina Espírita, à luz do Evangelho do Cristo e sob a cobertura
moral da oração. Além dos companheiros desencarnados que estacionam no lar ou
nas adjacências dele, há outros irmãos já desenfaixados da veste física,
principalmente os que remanescem
das
tarefas de enfermagem espiritual no grupo, que recolhem amparo e ensinamento,
consolação
e alívio, da conversação espírita e da prece em casa. O culto do Evangelho
no
abrigo doméstico equivale a lâmpada acesa para todos os imperativos do apoio e
do
esclarecimento
espiritual 5.
3. Roteiro para o estudo do Evangelho no lar
Na
reunião do Evangelho e oração em família evocamos a presença de benfeitores
espirituais, familiares e demais Espíritos amigos para, em conjunto, participar
desses momentos de paz. Trata-se, na verdade, de uma modalidade de reunião
espírita, que deve ser caracterizada pela seriedade e continuidade, a despeito
da simplicidade que encerra. Os benfeitores espirituais acorrem ao nosso lar,
auxiliando-nos no que for possível, afastando entidades perturbadoras do reduto
doméstico, amparando os Espíritos mais necessitados, que se revelam sensíveis
às vibrações e elucidações que o serviço religioso do Evangelho no lar propicia
8.
1.
Finalidade: trata-se de uma reunião com o objetivo de
reunir a família em
torno
dos ensinamentos evangélicos à luz da Doutrina Espírita, e sob a assistência
de
benfeitores espirituais.
2.
Participantes
Poderão
participar do Culto [ou da Reunião] todas as pessoas integrantes do
lar,
inclusive as crianças.
3.
Desenvolvimento
a)
prece inicial;
b)leitura
e comentário de página evangélica com a participação de todos os
presentes.
A reunião pode ser enriquecida, conforme o caso, com poesia,
história
ou narrativa de fatos reais;
c)
prece de encerramento (ocasião em que se pode orar pelos que não puderam
estar
presentes: parentes, amigos, vizinhos etc).
4.
Recomendações
a) o
tempo de duração do Culto não deve ultrapassar uma hora;
b)recomenda-se
a leitura de «O Evangelho segundo o Espiritismo», do «Evangelho
em
Casa» e outras páginas evangélicas;
c)
abster-se de manifestações de Espíritos;
d)pode-se
colocar água para ser fluidificada [magnetizada] pelos Benfeitores
Espirituais;
e) é
conveniente que a reunião seja semanal;
f) a
presença de visita não deverá ser motivo para a não realização do Culto,
convidando-se os visitantes a dele
participarem 4.
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